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Petróleo: dependência e catástrofe

A explosão de uma plataforma de petróleo localizada a 77 quilômetros da costa do estado de Louisiana nos Estados Unidos originou um dos maiores desastres ambientais da indústria petrolífera.

O vazamento ocorrido no dia 20 de abril chegou a lançar no Golfo do México aproximadamente 5 mil barris de petróleo por dia, segundo estimativas oficiais. Algumas ONGs falaram em números até 5 vezes maiores.

Barco em meio a mancha de óleo do vazamento de petróleo nos Estados Unidos (Foto: AFP)

Barco em meio a mancha de óleo do vazamento de
petróleo nos Estados
Unidos (Foto: AFP)

Hoje, mais de 1 mês após o acidente, a situação ainda não foi totalmente controlada e uma grande mancha de óleo cobre o oceâno.

A maré negra está espalhada por 4 estados americanos e ameaça a fauna e a flora da região. Os prejuízos econômicos e principalmente ambientas são incalculáveis.
Além disso, 11 trabalhadores morreram na explosão e outros 17 ficaram feridos.
Somente após tamanha catástrofe o governo americano decidiu agir. Criou uma comissão para investigar as causas do acidente, as responsabilidades da empresa dona da plataforma e do próprio governo.

Ave coberta de óleo, morta em praia nos Estados Unidos (Foto: AFP)

Ave coberta de óleo, morta em praia nos
Estados Unidos ( Foto: AFP)

Em todo mundo, o desastre reabriu a discussão sobre a necessidade de investimentos em pesquisa e utilização das chamadas energias renováveis, como solar e eólica (gerada pelo vento).
Essas formas alternativas de energia não causam prejuízos ao meio ambiente, e sua utilização em grande escala poderia reduzir a dependência mundial do petróleo. E assim evitar tragédias como a do Golfo do México.

Nesta edição, o Jornal do Unificados apresenta uma entrevista com Fábio Cezar Aidar Beneduce, físico, mestre em energias renováveis e coordenador geral do Instituto Tecnológico e Vocacional Avançado (Iteva), com sede no Ceará.

ENTREVISTA

Ultra dependentes de energia

Manchas de óleo no Atlântico, ao pôr-do-sol (Foto: AFP)

 Manchas de óleo no Atlântico, ao pôr-do-sol (Foto: AFP)


Unificados –  Hoje, o mundo vive uma enorme dependência de petróleo e combustíveis fósseis. É possível em curto ou médio prazo de tempo mudar isso?

Beneduce – Não. Uma transformação imediata é impossível. Mesmo a revolução industrial foi um processo histórico, lento, gradual. Primeiro a sociedade precisa retroceder, diminuir a utilização de petróleo, diminuir o consumo.

Unificados – Retroceder?

Beneduce – Isso, não existe um único ano que a sociedade não consuma mais petróleo do que no ano anterior, precisamos mudar essa mentalidade, diminuir o consumo de modo geral. O ser humano é extremamente dependente de energia, todos objetos que estão a sua volta demandam energia para serem produzidos, transportados.

Unificados – Diminuir a dependência do petróleo é também diminuir o consumo então?

Beneduce – Sim. Todos podem praticar o uso racional da energia, consumir menos roupas, por exemplo, construir carros mais leves e que utilizem menos combustível, e menos energia para serem fabricados. É o uso racional da energia, e pode ser praticado por todos, no dia a dia.

Unificados – Quais são as chamadas energias limpas?

Beneduce – Existem muitas. Energia eólica, energia solar que pode ser obtida por diversos processos e não só por placas de silício, e os diversos tipos de energia por biomassa como o gás metano encontrado nos lixões. Além disso, Portugal tem importantes pesquisas sobre gerar energia de ondas. No Ceará está sendo implantada uma usina para gerar energia de marés. Existem também inúmeras pesquisas sobre fusão nuclear.

Unificados – Um novo tipo de energia, como a eólica por exemplo, pode se tornar tão importante no futuro quanto o petróleo é hoje?

Beneduce – A tendência é diversificar. No decorrer do século que vivemos haverá uma transição. Será um processo difícil, mas deixaremos a dependência do petróleo para utilizar muitas outras formas de energia. Inclusive, serão formas locais de aproveitar a energia. Não adianta tentar obter energia eólica na Amazônia, lá não venta. Depois dessa transição acredito que a fusão nuclear vai resolver o problema energético.

 	Tartaruga morta pelo vazamento de petróleo, em praia nos Estados Unidos

Tartaruga morta pelo vazamento de petróleo,
em
praia nos Estados Unidos (Foto: AFP)

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