A 13ª Romaria da Terra e das Águas de São Paulo realizada na manhã de domingo (22/08/11) teve como tema a exigência de recuperação de uma área contaminada, o Aterro Mantovani, situado entre os municípios de Santo Antônio de Posse e Holambra, na Região de Campinas e a responsabilização das empresas causadoras. O Sindicato Químicos Unificados e a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq ex-trabalhadores Shell/Basf) participaram da organização da atividade.
O ato teve início às 8 horas no km 147 da rodovia Campinas/Mogi Mirim, seguida de uma caminhada de aproximadamente até 2 km até o aterro. A 13ª Romaria é uma realização da Comissão Pastoral da Terra do Estado de São Paulo (CPT) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e teve também o apoio da Intersindical, Psol, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e de movimentos sociais, populares e ambientalistas.
O crime
O Aterro Mantovani é um dos maiores crimes ambientais cometidos no Brasil. Nele foram despejadas, de forma irresponsável e consciente, principalmente por indústrias multinacionais, cerca de 350 mil toneladas de resíduos tóxicos, o que causou a contaminação do solo, da água e doenças na população de toda a região.
Passados 37 anos de sua abertura, até hoje poucas medidas efetivas foram tomadas para recuperar a degradação ambiental e nenhuma das cerca de 60 empresas que cometeram esse crime foi severamente punida.
O Aterro Mantovani está localizado em uma área de 31 hectares, entre os municípios de Santo Antônio de Posse e Holambra, na região de Campinas.
História
Entre 1974 e 1987 (ano em que foi fechado pela Cetesb), o Aterro Mantovani recebeu todo tipo de resíduo industrial perigoso, como por exemplo metais pesados, sem qualquer tipo de tratamento ou precaução. Essa área, contaminada, está situada na Bacia Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. No seu subsolo encontra-se o Aquífero Bauru, que contribui para a alimentação do importante Aquífero Guarani, que é a maior reserva subterrânea de água doce do mundo.
Durante anos, nada disso foi levado em conta pelas multinacionais, que criminosamente continuaram a despejar lixo tóxico, e nem pelo governo do Estado de São Paulo, que se manteve omisso e até chegou a autorizar o depósito.
Até hoje não há uma solução definitiva para o problema. A poluição continua a avançar pelo subsolo e a população do entorno a sofrer com seus efeitos a partir do solo que vive, da água que bebe e do ar que respira.
Fotos
Imagens da 13ª Romaria da Terra e das Águas, todas de autoria do fotógrafo João Zinclar: