O Sindicato Químicos Unificados esteve em peso na Natura, em Cajamar, neste 11 de julho – Dia Nacional de Lutas para chamar companheiros e companheiras à luta por um país melhor. Movimentos sociais também apoiaram a manifestação, engrossando o coro de cobranças por reforma agrária e investimentos em saúde e educação.
Natura na mira
O Unificados definiu por realizar o ato em frente à Natura porque a empresa, embora seja de capital nacional, tem perfil de multinacional. Ela emprega 5.500 trabalhadores e atua em diferentes locais. Apesar de vender a imagem de um ambiente saudável e perfeito, o sindicato conhece de perto os problemas. Hoje a Natura pratica uma jornada de revezamento de turnos aos sábados, extensa e vencida desde 2011. A participação nos lucros e resultados (PLR) está com negociação atrasada e sabemos que a empresa pode pagar muito mais, mas não há transparência e esclarecimentos sobre os valores. O plano de cargos e salários também é motivo de queixa por parte dos trabalhadores, uma vez que o salário médio é de R$ 1.200,00, afirma a dirigente do Unificados Nilza Pereira.
Segundo informações que chegaram aos dirigentes ainda durante as primeiras horas da manhã de hoje, a Natura desviou os ônibus fretados que levariam os trabalhadores do primeiro turno às fábricas, levando-os a um novo prédio da empresa na rodovia Anhanguera. Durante a manifestação, Nilza criticou a atitude O sindicato está aqui para dialogar com os trabalhadores, para que eles decidam se querem ou não aderir ao Dia Nacional de Lutas. Ao desviar a entrada de acesso e confinar os trabalhadores dentro do ônibus, a empresa age de maneira truculenta e não respeita a democracia, o direito dos trabalhadores de ouvir o que o sindicato tem a dizer.
Parou geral
Os manifestantes obstruíram a alça de acesso à Natura e cerca de outras 15 empresas sediadas na altura do km 37 da rodovia Anhanguera. Os ônibus pararam diante da barreira de pneus queimados e trabalhadores como Alexandre Souza Silva, assistente de manutenção da empresa Nova.Com, observaram o protesto Foi inesperada esta paralisação tão cedo, no coração onde se concentra um depósito de cargas. Já era a hora dos empresários terem um prejuízo. Nós, trabalhadores, arcamos com prejuízos em serviços como saúde, educação e transporte, e impostos que acabam com nosso salário. Nós, brasileiros, somos trabalhadores, guerreiros, só que estamos sendo explorados. Quem critica a manifestação não percebeu que temos que lutar., comentou o trabalhador que até o ano passado atuava em uma empresa do ramo químico.
Para o dirigente do Unificados e da Intersindical Arlei Medeiros, o ato na Natura foi positivo e destacou três pontos da pauta conjunta das centrais sindicais, como eixos prioritários na luta do Unificados. Se o PL 4330 for aprovado, teríamos aqui na Natura um caos, pois hoje quase metade dos trabalhadores é terceirizada. Com a aprovação do PL, este percentual
subiria a 90%, o que implica em redução de direitos trabalhistas, aumento da precarização das condições de trabalho e da rotatividade. Nós criticamos a sobreposição dos interesses do setor financeiro aos interesses da sociedade, que determina onde o governo deve investir, sempre prejudicando áreas como a saúde e educação. A privatização de serviços como o transporte, por exemplo, é outra questão muito séria que precisa ser revertida, pois só beneficia o lucro dos empresários., ressalta Arlei.
O Unificados na avenida Paulista
O Unificados continuou sua participação no Dia Nacional de Lutas junto com a Intersindical e demais centrais, com presença no ato na avenida Paulista, em São Paulo.