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A votação da emenda à Lei Orgânica do Município que proíbe qualquer debate relacionado a gênero nas escolas de Campinas, também chamada de Emenda da Opressão, foi adiada após intensa pressão realizada dia 16/11 na Câmara Municipal de Campinas por manifestantes contrários a ela. A emenda seria submetida à 2ª votação, após ter sido aprovada em junho em 1ª discussão.
O autor da emenda é o vereador Campos Filho (DEM), o mesmo que criou a moção de repúdio ao Ministério da Educação por inserir uma questão no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) a partir de uma frase da filósofa Simone de Beauvoir, pela qual mostrou total ignorância sobre feminismo, tema abordado na questão.
Como havia quórum, sete vereadores Paulo Bufalo (Psol), Pedro Tourinho (PT), Artur Orsi (PSDB), Carlão (PT), Gustavo Petta (PC do B), Aurelio Cláudio (PDT), Angelo Barreto (PT) pediram que a votação fosse imediata. Mas, Campos Filho, mesmo assim, retirou o tema da pauta dos trabalhos.
Os parlamentares favoráveis à emenda proclamaram discursos de ódio. Minoria tem de se ferrar, foi a frase de Cid Ferreira (SDD). Campinas não é lugar de bagunça. Quero ver vocês (aos parlamentares contrários à proposta) irem nas igrejas pedirem votos, disse o Schneider. Menino é menino, menina é menina, disse Edson Ribeiro (PSC). O vereador do Psol, Paulo Bufalo, rebateu- A cidade tem princípios libertadores.
Também estiveram presentes no plenário da Câmara grupos fundamentalistas religiosos e integralistas (grupamento tradicionalista, ultra-conservador) que defendem a emenda da opressão.
Assista reportagem da TV Movimento sobre a sessão na Câmara
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Impedir o debate sobre gênero émanter a violência contra mulheres
Debater gênero não tem nada a ver com induzir as pessoas a determinada orientação sexual. Significa compreender que o machismo, a violência contra as mulheres, a desvalorização delas no mercado de trabalho, a homofobia e discriminação de homossexuais existem justamente porque não se discute gênero e igualdade.
Atividades do Unificados combatem o machismo e a discriminação de gênero
O Sindicato Químicos Unificados defende que o debate sobre gênero deve estar presente em todos os lugares, inclusive na escola, pois ele é fundamental para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Seguindo a decisão da categoria química, em seu 6º Congresso, o Unificados tem realizado atividades sobre este tema, com a participação de trabalhadoras e trabalhadores.
No dia 15/11, o debate ( foto acima) intitulado Acorda, Raimundo Acorda, foi realizada pela socióloga Marcela Moreira no Cefol Campinas. Esta mesma atividade ocorrerá no Cefol Osasco no dia 29/11, às 9h, e é aberta a todos os interessados.
Brasil é um dos campeões em assassinato de mulheres
Para se ter uma ideia da importância e urgência de ações relacionadas à discussão sobre gênero, o Brasil passou a ocupar do 7º ao 5º lugar no ranking de casos de assassinato de mulheres segundo o estudo Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres”, divulgado neste mês de novembro.
Mais da metade dos assassinatos são cometidos no ambiente familiar, por pessoas conhecidas da vítima, sendo que maridos, companheiros e ex-parceiros são responsáveis por um a cada três assassinatos de mulheres. A pesquisa ainda revela um aumento de 54% de homicídios contra mulheres negras, enquanto este crime contra mulheres brancas caiu cerca de 10% entre 2003 e 2013.
A população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais Travestis, Transexuais e Transgêneros) também é vítima do preconceito e violência. De acordo com os últimos dados da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, em 2012, foram registradas 9.982 violações contra LGBTs em todo o país. Este número é 46,6% maior do que o registrado no ano anterior e envolvem tanto a violência psicológica, como discriminação e violência física.