Após a realização de três assembléias de todos os turnos (20, 21 e 22 de outubro), a Natura começou a pressionar os trabalhadores por meio da prática de escancarado assédio moral.
Em 23 de outubro, a Natura fez reunião com o pessoal das fábricas e do picking para esfriar a mobilização em busca de maiores conquistas e, conforme denúncias dos trabalhadores, fez a ameaça: “Vocês têm o direito de ir e vir, porém todos são adultos e, para toda ação, tem uma conseqüência”. Uma fala que, sem qualquer dúvida, traz implícita a demissão e a repressão ao constitucional e legal direito à organização sindical dos trabalhadores.
Paulinho, dirigente do Unificados, lê denúncia de
trabalhadores, em assembléia na Natura, em Cajamar (21/10/08)
Falta de argumentos
Mesmo com toda pressão, a Natura não convenceu os trabalhadores. A maioria tem uma idéia dos ganhos da empresa e sabem o quanto recebem no fim do mês. Sabem que a Natura tem condição de atender as reivindicações aprovadas nas assembléias.
No segundo trimestre deste ano, a receita bruta na operação Brasil foi de R$1.136,8 milhões, 9,1% maior que o resultado no mesmo período do ano passado. O lucro teve um crescimento de 13,4%.
Os ganhos de produtividade que totalizaram R$39,0 milhões no último semestre foram para “despesas adicionais de marketing”, conforme dados do site da empresa.
Natura não convence os trabalhadores(as)
Veja por que os argumentos da Natura são frágeis:
Acordos específicos
Na reunião, a Natura quis explicar que há um sindicato dos empregados e outro dos patrões. Todas as negociações seriam feitas entre esses dois sindicatos, pelo alto.
Não é verdade que os trabalhadores só dependam da negociação entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal.
Acordos específicos são feitos na categoria. Exemplos são os acordos de PLR e de jornada (acordos tratados diretamente entre as empresas – inclusive Natura – e o sindicato).
Reivindicamos uma pauta geral, da categoria toda, e as pautas específicas, fábrica por fábrica, nas campanhas salariais.
Crise econômica internacional
A Natura veio com a conversa de que a crise econômica pode, num futuro, afetar o setor produtivo brasileiro e, portanto, a Natura. Não haveria como a empresa dar um aumento salarial maior.
Isso também não é argumento para não reivindicarmos aumento maior. Nossa perspectiva de aumento salarial não é sobre algo que ainda pode acontecer no futuro.
Nossa reivindicação de aumento salarial é de reposição da inflação que passou e aumento real por conta do crescimento da produtividade (de novembro de 2007 a outubro de 2008).
Jornada de trabalho
A Natura classificou como absurda a nossa reivindicação de redução da jornada. Para eles, a competitividade da Natura estaria ameaçada.
Há margem para reduzir jornada de trabalho no Brasil. O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) ligado ao Ministério do Planejamento, Marcio Pochmann, defendeu recentemente a adoção de jornada semanal de três dias com
expediente de quatro horas.