A patronal do setor farmacêutico se portou de forma truculenta, e até mesmo belicosa, na reunião de negociações da campanha salarial 2012 realizada hoje (21/03/12) em São Paulo. O negociador pelo setor, Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), se mostrou refratário a qualquer negociação, a qualquer tentativa de busca de entendimentos, fechando questão nos números, valores e propostas que apresentou.
Esta postura impositiva e autoritária de Mussolini praticamente impossibilitou que houvesse uma negociação de fato, na acepção do termo negociação. Ele a transformou em um momento em que uma parte, a patronal, no caso, quer fazer valer na marra os seus interesses, com total desprezo, desinteresse e desrespeito com a outra, que são os sindicalistas e as trabalhadoras e trabalhadores nas empresas do setor farmacêutico.
Reajuste de 6% para uma
inflação prevista em 5,2%
Esta é a contraproposta patronal às reivindicações dos trabalhadores:
6% de reajuste salarial com teto de R$ 4.950,00 em empresas até 100 trabalhadores e de R$ 5.250,00 para as acima deste número.
Piso escalonado em três patamares: R$ 954,00 nas empresas até 100 trabalhadores; R$ 1.060,00 nas de 100 a 200; e R$ 1.070,00 nas acima de 200.
Cesta básica mínima também obedecendo aos números de trabalhadores acima, respectivamente nos valores de R$ 70,00, R$ 106,00 e R$ 108,00. Nas empresas que já fornecem cesta básica acima destes valores o reajuste neles será de 6%.
Patronal quer tirar a PLR ou então ter
liberdade para pagar abaixo do mínimo
A princípio, a patronal propôs a retirada pura e simples do acordo coletivo da obrigatoriedade de pagamento da participação nos lucros e resultados (PLR). A alegação é a de que empresas menores têm dificuldades para isso, inclusive para suportar o valor mínimo que, tradicionalmente, é garantido em cláusula do acordo coletivo.
Com os sindicalistas se negando a aceitar tirar a obrigatoriedade da cláusula da plr, a patronal propôs, então, que as empresas com dificuldades estariam liberadas para pagar quanto pudessem.
Nova rodada de negociações
A reunião terminou sem qualquer conclusão que possa, na prática, ser levada aos trabalhadores em assembleia. Ficou agendada para o dia 26 próximo a realização de uma nova rodada de negociações.
Muita luta para defender
direitos e garantir reajuste maior
A reunião de hoje entre sindicalistas e a patronal deixou claro que as trabalhadoras e trabalhadores do setor farmacêutico vão precisar de muita união, muita organização e muita disposição de realizar fortes mobilizações para defender direitos já conquistados (a PLR, por exemplo) e para conseguir um aumento real decente, minimamente coerente com o ótimo desempenho da indústria química em 2011.
Pare nas assembleias, converse com os(as) companheiros(as), crie clima dentro da fábrica. Vamos fazer valer nossas reivindicações, bem como para exigir uma postura mais respeitosa da patronal durante as negociações. Vamos lhes fazer ver que, quem dá a produção e, portanto, os lucros e o crescimento, somos nós no duro cotidiano dentro das fábricas.
Farmacêuticas crescem 15,8% em 2011
Fabiano Garrido Assessor Econômico dos Químicos Unificados
Os dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) indicam um bom desempenho do setor em 2011, já que em seu conjunto as indústrias químicas alcançaram um faturamento líquido de R$ 261,9 bilhões. Ou seja, um crescimento de 15,8% sobre 2010. Se formos considerar este valor em dólar, a receita líquida ficará em US$ 158,5 bilhões. Ou seja, uma alta de 23,4% em relação a 2010.
Os segmentos de produtos químicos de uso industrial encerram o ano de 2011 com receita de US$ 76,2 bilhões, com elevação de 9,4%, e os produtos farmacêuticos fecharam com faturamento líquido de US$ 25,3 bilhões, aumento de 8,4% em relação a 2010.
Vendas aumentam
O gráfico abaixo confirma o bom desempenho do setor farmacêutico. O aumento das vendas, contabilizadas em dólar, foi deu um salto de US$ 20,632 para US$ 25,317 bilhões de dólares, um crescimento de 22,7% na comparação entre 2011 e 2010.
Na moeda nacional, este crescimento das vendas obteve um aumento de 15,31%, tendo passado de R$ 36,234 para R$ 41,782 bilhões de reais. Este aumento nominal no valor das vendas, tanto em dólar quanto em real, refletem o aumento do número de unidades de medicamentos vendidos, que passou de uma quantidade de 2,070 bilhões para 2,295 bilhões de unidades-caixas vendidas na comparação entre 2011 e 2010, representando um crescimento de 10,89%.
As previsões do governo e do mercado é que a economia brasileira consiga, mesmo diante da crise na Europa, manter um crescimento em torno de 3% a 3,5% em 2012, sendo que um dos fatores mais importantes para este crescimento é a manutenção do mercado interno aquecido, em grande parte pelo consumo das famílias, devido ao aumento da renda de algumas camadas sociais.
As reivindicações
Estas são as reivindicações das trabalhadoras e trabalhadores do setor farmacêutico, em campanha salarial com data base em 01 de abril: