Na manhã de hoje (08/10), os trabalhadores da Unilever Brasil, multinacional que tem em Vinhedo cerca de 700 trabalhadores, realizaram assembleia de mobilização da campanha salarial, com atraso de uma hora e meia na produção. Foram discutidas a pauta geral de reivindicações, que começará a ser negociada entre a patronal e Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do Estado de São Paulo (Fetquim) no dia 16 de outubro.
Como pauta específica para a Unilver, os trabalhadores reivindicam a abertura de mais postos de trabalho com a devida contratação, fim do desvio de função, fim das demissões, planejamento das pontes de feriado de final de ano, tíquete alimentação e cota para retirada de produtos no posto de abastecimento no valor de R$ 600,00 em quatro parcelas (benefício que, na Unilever, apenas a fábrica de Vinhedo não tem).
O Unificados destacou que somente com a mobilização e disposição de luta dos trabalhadores será possível conter a precarização das condições de trabalho imposta pela Unilever. De janeiro pra cá, a multinacional demitiu cerca de 40 trabalhadores da fábrica de Vinhedo, vários com mais de 15 anos na empresa. Outros estão se aposentando e a empresa não está repondo o quadro adequadamente. Aos novos contratados, a Unilever tem oferecido um salário bem menor.
Com esses cortes, trabalhadores passaram a desempenhar várias funções ao mesmo tempo, sem receber nenhum adicional no salário. Além disso, em vários setores existem profissionais desempenhando funções iguais e recebendo salários diferentes.
Saúde em risco
O dirigente sindical Alessandro Ferrarezi destacou que a saúde dos trabalhadores está em risco com a falta de profissionais. As linhas de produção não param. A empresa vem falar de segurança, que não ocorrem acidentes há três anos, mas os trabalhadores sentem as dores nas costas, nos braços, têm que tomar medicamento para conseguir trabalhar, criticou.
Ele destacou que até mesmo a ginástica laboral não atende a necessidade. Há oito anos, as linhas de produção ficavam paradas para que os trabalhadores pudessem participar e prevenir Lesões por Esforço Repetitivo (LER/DORT) e hoje, não mais.
Propaganda x realidade
Todos esses problemas ocorrem na fábrica e tudo indica que a empresa mostra-se mais preocupada em campanhas de marketing. Segundo matéria publicada no jornal Folha de São Paulo em julho deste ano, a Unilever investiu R$ 2 bilhões em publicidade. Enquanto isso, demissões, sobrecarga de serviço e desvio de função são parte do cotidiano dos trabalhadores.
Segundo informações do site da empresa, globalmente, a Unilever fechou o ano de 2012 com um faturamento de 51,3 bilhões de euros, e um crescimento de 6.9% nas vendas em comparação a 2011. O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de produtos Unilever do mundo.
Terceirização e precarização
O dirigente do Unificados da regional Vinhedo Norival Cunha chamou a atenção para a situação dos trabalhadores terceirizados. Precisamos ser solidários com os trabalhadores da portaria, caminhoneiros, que antes não podiam fazer suas refeições dentro da empresa e pessoal da limpeza que ganha R$ 631,00 valor inadmissível para uma empresa como a Unilever, destacou. A exemplo desta terceirização que é realidade na Unilever, os dirigentes destacaram que hoje ela ameaça inclusive a produção, caso o projeto de lei 4330/04 seja aprovado no Congresso Nacional.
Sherwin-Williams
Ontem (07/10), os aproximadamente 350 trabalhadores da Sherwin-Williams, em Sumaré, realizaram uma assembleia de mobilização da campanha salarial e também decidiram que não irão trabalhar aos sábados para compensar o dia 11 de julho, quando diversas centrais sindicais organizaram o Dia Nacional de Lutas e Mobilizações.
A Sherwin-Williams havia dispensado, por conta própria, os trabalhadores do expediente no dia 11 de julho e depois quis imputar a eles o dia parado, com a compensação aos sábados. Em reunião com a Sherwin-Williams, o Unificados comunicou que esta proposta não poderia ser implementada sem deliberação dos trabalhadores em assembleia.
Durante a reunião, a empresa concordou em acatar o que os trabalhadores deliberassem em assembleia. Nesta segunda, a maioria rejeitou a proposta da empresa, decidindo não pagar o dia 11 de julho aos sábados.
Reivindicações específicas
Na Sherwin-Williams, os trabalhadores reivindicam um plano de cargos e salários melhor, pois o atual não funciona. A categoria também quer melhoria no programa de participação nos lucros e resultados (PLR) e inclusão de cesta básica entre os benefícios.
Negociações começam dia 16 de outubro
A primeira rodada de negociação da campanha salarial 2013 entre Federação das Indústrias Químicos do Estado de São Paulo (Fetquim) e representantes da patronal será no dia 16 de outubro às 10h no Sindicato dos Químicos de São Paulo. As rodadas seguintes estão agendadas para os dias 23/10 e 31/10. As reivindicações da categoria, que tem data-base em 1º de novembro, são:
Aumento salarial de 13% índice que compreende a reposição da inflação anual mais aumento real com base no crescimento da produtividade e do lucro das empresas.
Piso salarial de R$ 1.550,00.
Participação nos lucros e resultados (PLR) no valor mínimo de R$ 2.860,00.
Redução da jornada de trabalho para 40 hores semanais, sem redução nos salários e com sábados e domingos livres.
Licença maternidade de 180 dias.
Cesta básica totalmente gratuita, sem condicionantes.