Ele prendeu Paulo Maluf, o contrabandista Law Kin Chong, o especulador Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta entre outros, por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
Também coordenou, junto com a Promotoria de São Paulo, as investigações do caso Corinthians/MSI, desmascarando fraudes na arbitragem do futebol brasileiro.
Operação Satiagraha
Mais recentemente, ele presidiu o inquérito que resultou na Operação Satiagraha. Como delegado da Polícia Federal, ele prendeu o banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity – solto duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após colocar algema em gente graúda, foi acusado de fazer escutas ilegais.
O delegado Protógenes Queiroz é hoje acusado pela imprensa burguesa e pelos congressistas da CPI dos Grampos por fazer investigações irregulares. Isso para tirar o foco dos crimes de quadrilha de bandidos armada na era Fernando Henrique Cardoso e cujos braços estão ainda hoje no governo Lula.
O delegado Protógenes Queiroz falou ao Unificados, em entrevista por e-mail, sobre a Operação Satiagraha (que significa “firmeza da verdade”, em sânscrito) e sobre a impunidade para os criminosos de colarinho branco. Veja o que tem a dizer o delegado mais odiado hoje pelos poderosos no país.
O banqueiro Daniel Dantas, preso pelo delegado
Protógenes Queiroz (Foto: Danilo Verpa/Folha Imagem)
A ENTREVISTA
Contra grandes interesses
Unificados – Houve escuta ilegal na Operação Satiagraha?
Protógenes – Não. Todas as interceptações telefônicas e telemáticas foram com autorizações judiciais e fiscalizadas pelo MPF [Ministério Público Federal], inclusive sofri duas investigações que auditaram todo o trabalho da Operação Satiagraha e não encontraram nada de ilegal ou irregular.
Unificados – Quais são os crimes de Daniel Dantas?
Protógenes – O banqueiro bandido do Daniel Dantas, na primeira fase da nossa investigação, foi condenado por corrupção e indiciado por gestão fraudulenta. Na segunda fase está sendo investigado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
Unificados – Por que ele não está preso? Quais são os interesses em jogo?
Protógenes – O banqueiro condenado Daniel Dantas não está preso em razão de dois HCs [hábeas corpus] concedidos liminarmente pelo presidente do STF Gilmar Mendes e como é decisão da Suprema Corte do país não se discute se é justa ou não. Os fatos falam por si na mente do povo brasileiro, e é externada desde gestos mais simples à posição mais técnica juridicamente.
Eu, como autoridade policial, não tenho nenhum sentimento a não ser cumprir imediatamente, como de fato ocorreu.
Os interesses obscuros nos negócios do banqueiro bandido “o tempo é o senhor da razão”, logo, logo o Brasil vai conhecer a podridão que envolveu esse caso, que vai da corrupção ao desvio de riquezas naturais do país – são mais de mil concessões de exploração do subsolo brasileiro usados de forma duvidosa e suspeita.
Unificados – Na sua opinião, até quando o Brasil continuará sendo o país da impunidade?
Protógenes – Atualmente, vivemos num Brasil pior do que nos tempos do Império nas Administrações Ultramarinas. Nesta época prendia-se e confiscava os bens do corrupto ou desviador de riquezas e recursos da coroa lusitana. Hoje nós até conseguimos a prisão de alguns poderosos, mas logo saem da cadeia como se nada tivesse acontecido e eles ainda se consideram vítimas. O que falta no Brasil de hoje é a punição ser uma exigência nossa de brasileiros que trabalham honestamente e contribuem para um país mais digno e justo. A saída final é com o exercício da cidadania por meio do voto, que eu acredito na mudança, a fim de que o grito “muda Brasil” seja acompanhado da vontade popular na construção de um Brasil para nós brasileiros.