A tentativa de venda da Companhia Energética de São Paulo – CESP mostra como o governador José Serra e empresários desejam liquidar o Estado de São Paulo. Além de transferir patrimônio público para grupos privados, querem fazer isso a preço de banana.
No último dia 26 de abril, o cancelamento do leilão da estatal foi justificado pela falta de compradores. No entanto, o preço mínimo estipulado, R$ 6 bilhões, já estava bem abaixo do valor avaliado pelo Citibank, R$ 15 bilhões, e pelo Sindicato dos Trabalhadores Energéticos, R$ 21 bilhões.
A suspensão do leilão foi comemorada por todos que se mobilizaram contra a privatização. Porém, é preciso continuar alerta. O governo do Estado pretende promover uma nova onda de privatizações.Em setembro do ano passado, Serra abriu licitação de empresas de consultoria para avaliação e execução de venda de ativos mobiliários do Estado de São Paulo. O pacote inclui dezessete empresas estaduais como o banco Nossa Caixa, a CPTM, a Sabesp e a Dersa.
As mentiras
Governos, empresários e meios de comunicação fazem grande campanha sobre supostos benefícios das privatizações. Com isso, foram acabando com o patrimônio do país, construído com o trabalho e dinheiro de todo o povo.
Um dos argumentos era o da necessidade de “enxugar a máquina”, porém a dívida do Estado continuou crescendo. Outra justificativa é a melhora na qualidade dos serviços, mas sabemos que o interesse da iniciativa privada é o lucro.
Um exemplo da ganância dos empresários é a linha Amarela do Metrô, em São Paulo, construída e fiscalizada pela iniciativa privada, que resultou num dos maiores desastres dos últimos tempos.
Outras conseqüências das privatizações foram as demissões nas empresas privatizadas, as altas tarifas, os preços absurdos dos pedágios.
MST e sindicalistas protestam em 22 de março
contra privatização da Cesp (Foto: Folha Imagem)
A ENTREVISTA
Privatizar causa danos ao Brasil
Professor, promotor e duas vezes deputado, Plínio de Arruda Sampaio (foto) é um reconhecido militante das causas sociais. Em 2006, ele concorreu ao governo do Estado de São Paulo questionando, entre outras coisas, as políticas de privatização. É sobre este tema que Plínio falou ao nosso Jornal.
Jornal do Unificados – Qual sua avaliação de mais de uma década de governos do PSDB em São Paulo, em especial do governo Serra?
Plínio de Arruda Sampaio – Os governos tucanos praticam uma política perversa e nefasta para o país. Trata-se de reduzir os serviços públicos para economizar dinheiro e pagar os credores do governo. Serra não difere dessa política.
Jornal do Unificados – Na campanha ao governo estadual você mostrou preocupação com as privatizações. Que conseqüências essa política adotada por Serra trará para o Estado?
Plínio – O povo brasileiro começa a perceber o dano que as privatizações causaram ao país. Os balanços da Vale provam claramente que a companhia não foi vendida, foi dada. O recuo do Serra, no caso da CESP, deu-se precisamente para não se ver no mesmo problema de ter de explicar como é que vende por x e no ano seguinte o lucro é tamanho que paga o investimento.
Jornal do Unificados – É possível barrar esse processo de privatizações? Que peso os movimentos sociais tiveram no cancelamento do leilão da CESP?
Plínio – Tudo dependerá da combatividade dos movimentos sociais e organizações de trabalhadores. Se voltarem a ocupar as ruas, certamente, terminaremos com a farra das privatizações. Um passo importante para isso é a tomada de consciência de que não basta olhar somente para os interesses da sua organização ou do seu movimento.
Precisamos voltar a fazer mobilizações políticas em torno de problemas que afetam a toda a sociedade.
Cratera aberta pelo acidente na linha 4, do metrô,
em São Paulo, no dia 12 de janeiro de 2007