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Setor Farmacêutico cresce, diz Fabiano Garrido

 

O setor farmacêutico foi um dos poucos não atingidos pela crise econômica mundial. Em 2009, a venda de medicamentos cresceu 29%, e o nível de produção das indústrias também aumentou.

Com a recuperação da economia mundial, e principalmente com a tendência de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, esses resultados tendem a ser ainda maiores em 2010. Chegou a hora do trabalhador reivindicar sua fatia do bolo.

No dia 28 de fevereiro, os trabalhadores e trabalhadoras do setor farmacêutico, que fazem parte da base do Sindicato Químicos Unificados, realizaram o encontro de base e uma assembleia para decidir os rumos da campanha salarial 2010.

Com a pauta definida, e a decisão de lutar por aumento de 10% nos salários, piso salarial de R$ 1.158,00, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de dois pisos e férias em dobro, o Unificados iniciou a realização de assembleias nas fábricas das três regiões, Campinas, Osasco e Vinhedo.

Para que o trabalhador conheça a realidade do setor farmacêutico e tenha subsídio para conversar com os companheiros e lutar por melhores condições de trabalho na fábrica, nesta edição o Jornal do Unificados traz uma entrevista com o assessor econômico do sindicato, Fabiano Garrido.

ENTREVISTA

Alto nível de produção

Unificados – O Brasil ainda está em crise econômica?

Garrido – Os dados da economia brasileira indicam o crescimento da atividade industrial desde o final de 2009. Existe uma tendência geral de recuperação dos níveis de produção e de vendas das indústrias após a crise econômica que se abateu sobre o país em 2008.

Unificados – Qual é a expectativa das empresas brasileiras em 2010?

Garrido – Em 2010, as grandes empresas prevêem a retomada dos investimentos. A previsão é que o país cresça em torno de 5% no ano. Em janeiro deste ano foi realizado um levantamento com 800 empresas de produtos químicos de uso industrial. Esse levantamento indica um investimento de 26 bilhões de dólares até 2014 no setor.

Unificados – Como as indústrias farmacêuticas foram atingidas pela crise?

Garrido – O setor farmacêutico não foi afetado pela crise econômica. O nível de produção da indústria farmacêutica se manteve em alta na maior parte de 2009, enquanto a indústria geral registrou queda da produção na maior parte do ano. É por conta desta manutenção e da elevação do nível de produção que as vendas de medicamentos cresceram 22% em 2009.

Unificados – E para 2010?

Garrido – Para 2010, o desempenho no varejo e no atacado também deverá ser positivo, com um crescimento em torno de 20% segundo as previsões do próprio presidente executivo da Associação Brasileira de Farmácias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto.
Outro dado importante sobre a indústria farmacêutica foi o aumento de seu faturamento anual, que passou de R$ 30,97 bilhões de reais em 2008 para R$ 33,35 bilhões de reais em 2009, registrando um crescimento do faturamento líquido de 7,7%.

Unificados – O que explica esse aumento de faturamento?

Garrido – Os medicamentos são considerados gêneros de primeira necessidade e por isso dificilmente são cortados do orçamento das famílias. No Brasil, os gastos com saúde aparecem em terceiro lugar dentre os gastos de uma casa, sendo que os medicamentos representam 61% destes gastos para as famílias de baixa renda.


Unificados – Qual é a situação das indústrias que produzem medicamentos genéricos no Brasil?


Garrido –
Hoje, os genéricos representam 18% dos remédios consumidos no país. Porém, a indústria de genéricos vai ganhar novo e decisivo ímpeto no Brasil. Isso porque estão para vencer, até 2011, 23 patentes no país, dez delas de remédios líderes de vendas. Nessa lista estão, por exemplo, Viagra e Lípitor, que figuram entre os cinco medicamentos mais vendidos aqui.

Unificados – Então, com o vencimento dessas patentes a tendência é de crescimento?

Garrido – Com as novas patentes vencidas, deverão se aproximar dos 30%, segundo projeções da indústria. As empresas nacionais dominam o mercado local com ampla vantagem. Juntas, elas detêm 85% das vendas (os outros 15% se dividem, basicamente, entre a suíça Novartis e uma dezena de companhias indianas). Depois da EMS, aparecem no ranking nacional Medley, Aché e Eurofarma.

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