Para desocupar Ceralit, trabalhadores querem receber todos direitos
Ordem de reintegração de posse não foi acatada na manhã de hoje. Pendências da empresa com operários se arrasta por quase doze anos.
Os trabalhadores que ocupam a Ceralit S.A., em Campinas, não acataram a decisão judicial conforme intimação apresentada na manhã de hoje (20/02/2008) por oficial de justiça para a imediata liberação do imóvel. Conforme decisão dos trabalhadores em assembléia realizada antes da chegada do oficial de justiça, a empresa somente será desocupada quando eles tiverem garantias concretas, também por iniciativa do mesmo Poder Judiciário, de que as dívidas trabalhistas que a Ceralit tem com eles serão finalmente quitadas.
Uma década de dívidas
Segundo vários depoimentos dos trabalhadores aos órgãos de imprensa que estavam hoje na portaria da empresa, há cerca de doze anos a Ceralit S.A. acumula atrasos e não pagamento de salários, horas extras, adicionais de periculosidade e insalubridade, não faz recolhimento ao FGTS e também não repassa à Previdência Social os valores quem mensalmente desconta dos trabalhadores em holerite. As férias, 13º salários, e PLR (Participação nos Lucros e Resultados), quando são pagos, isso ocorre com muito atraso. Por outro lado, trabalhadores que são demitidos também não recebem seus direitos rescisórios.
A Ceralit e seus proprietários já foram condenados por diversas ações judiciais movidas pelos trabalhadores e pelo sindicato, mas constantemente descumprem os prazos e obrigações a que foram condenados e rompem unilateralmente acordos feitos.
Arresto de bens X reintegração de posse
Com a consolidação da paralisação da empresa por falta de matéria-prima e pelo corte do fornecimento dos serviços de água, energia elétrica e telefone, os trabalhadores decidiram por entrar já na Justiça com um pedido de arresto de bens da Ceralit. (Veja em https://www.quimicosunificados.com.br/1447/ ). Ao mesmo tempo, ocuparam a empresa justamente para garantir que as máquinas e equipamentos não seriam retirados pelos proprietários da empresa até decisão judicial neste sentido. Conforme cálculos, a dívida da Ceralit chega a R$ 160 milhões.
Em paralelo, os proprietários da Ceralit entraram na mesma Justiça com um pedido de reintegração de posse do imóvel da fábrica. Sem entrar no mérito da questão, a Justiça ainda não se pronunciou pela garantia das máquinas e equipamentos para garantir o pagamento dos direitos dos trabalhadores mas já os intimidou para que deixem a fábrica.
O que os trabalhadores querem é que a Justiça haja no mesmo tempo nos dois processos e que não desconsidere o mérito, já que tudo tem origem em quase doze anos de descumprimento de direitos trabalhistas pela Ceralit.
Mais informações
A Ceralit S.A. Indústria e Comércio está localizada na rodovia Anhangüera, km 103 (na pista São Paulo/interior), bairro Aparecidinha, em Campinas/SP. No sindicato, procurar pelo dirigente sindical Valdir de Souza pelo telefone (19) 7850.1930.