Greve pára 100% a Samkwang e atrasa produção na Costech tem atraso de três horas
Mobilização teve início na madrugada de hoje, em Campinas. As duas empresas, que produzem componentes de celulares para a Samsung, possuem muitas irregularidades e mantêm forte opressão sobre trabalhadores.
Os trabalhadores da Samkwang deram início na manhã de hoje (27/02/08) a uma greve de 24 horas em conseqüência da intransigência da empresa em não atender suas reivindicações, de não sanar diversas irregularidades apontadas em fiscalização realizada pela DRT, em demitir um integrante da Cipa e em manter uma opressiva política de produção e agressivo assédio moral. Da assembléia participaram também os trabalhadores da Costech, na qual é está implantada a mesmo política de recursos humanos da Samkwang Brasil. As duas empresas estão instaladas em condomínio industrial da Samsung, em Campinas, para quem, exclusivamente, produzem componentes de celulares.
Na Samkwang, problemas de hoje e de ontem
As principais reclamações dos trabalhadores da Samkwang são em relação à não aceitação de atestados médicos; a altíssima rotatividade de mão de obra; jornada irregular com horas extras excessivas; pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) somente no valor do piso; obrigação de operar duas máquinas ao mesmo tempo; más condições de trabalho, como, por exemplo, alta temperatura; falta de plano de cargos e salários, o que coloca todos como sempre como “auxiliares”; assédio moral nunca apurado; exigência excessiva de produção, com movimentos constantes, rápidos e repetitivos que levam à Lesão por Esforço Repetitivo (LER). Entre as atuais reivindicações está também a readmissão do trabalhador Clóvis Vilela Filho, eleito em outubro último pelas companheiras e companheiros para a vice-presidência da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e que tem estabilidade garantida por lei para exercer seu mandato.
DRT aponta 31 irregularidades
As inúmeras irregularidades trabalhistas e das condições de trabalho, que inclusive colocam em risco a saúde e a integridade física dos trabalhadores, há muito tempo são objeto de tentativa de solução por meio da negociação entre trabalhadores, sindicato e a empresa. No entanto, a empresa sempre se manteve em seu propósito de não promover as regularizações para, com isso, economizar e assim manter altos os lucros.
Por falta de outro caminho para solução, o sindicato solicitou à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) de Campinas que fizesse uma fiscalização na Samkwang. A fiscalização foi feita e a multinacional foi autuada por 31 irregularidades. Ela foi também intimada pela DRT a promover a regularização em determinado tempo, mas prazos não foram cumpridos.
Na Costech, metalúrgica, problemas idênticos
A não aceitação de atestados médicos com origem no Hospital Beneficência Portuguesa (com o qual mantém convênio); alta rotatividade; acelerado ritmo de produção, o que leva à LER; salários somente no valor do piso da categoria (R$ 700,00); assédio moral, principalmente em relação à roupa das companheiras; advertências constantes para reprimir e justificar demissões e poucos ônibus para o transporte (o que deixa o trabalhador com muito tempo dispendido na viagem de ida e volta) são as principais reclamações dos trabalhadores da Costech Engenharia Ltda, empresa que à semelhança da Samkwang produz para a Samsung, mas pertence ao Ramo Metalúrgico.
Isto motivou a realização da assembléia conjunta na manhã de hoje entre os sindicatos das categorias Química e Metalúrgica.
Os trabalhadores da Costech atrasaram a produção por três horas na manhã de hoje, iniciando as atividades sob a promessa da empresa de que analisaria uma pauta de reivindicações que eles deveriam oficializar.
A Samkwang Brasil Indústria e Comércio de Artefatos para Celulares é uma empresa de capital sul-coreano e produz componentes de celulares para a Samsung do Brasil. Ela tem cerca de 600 trabalhadores, majoritariamente mulheres. A Costech Engenharia Ltda também é de capital sul-coreano e produz componentes de celulares para a Samsung. Ela tem cerca de 300 trabalhadores, mulheres a maioria.
Ambas estão instaladas na planta industrial da Samsung Brasil, na Rua Thomas Nilsen Júnior, nº 150, no Parque Imperador, em Campinas/SP
Mais informações
Para mais informações, favor ligar para Rute Freitas no rádio (19) 7850.1932 e para Celso Lopes ou Luiz Baio no rádio (19) 78501727. Os três são dirigentes sindicais da Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados e estão na portaria das empresas no Parque Imperador.
