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08 DE MARÇO – Mulheres marcharão 100 km de Campinas a São Paulo

Entre os dias 8 e 18 de março, a Marcha Mundial das Mulheres organizará sua 3ª Ação Internacional no Brasil. Neste período, 3 mil mulheres – a previsão toma como base as inscrições já realizadas –  de todas as regiões do país farão uma caminhada entre as cidades de Campinas e São Paulo. 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher.

Cartaz da 3ª Marcha Mundial das Mulheres, em 2010, que se iniciará em 08 de março

Cartaz da 3ª Marcha Mundial das Mulheres, em 2010,
que se iniciará em 08 de março próximo

O lema das mobilizações é “Seguiremos em Marcha Até Que Todas Sejamos Livres”, e a mobilização se baseia em quatro pontos principais: a) autonomia econômica das mulheres; b) bens comuns e serviços públicos (contra a privatização da natureza e dos serviços públicos); c) paz e desmilitarização; e d) violência contra as mulheres.

Formação

Durante o trajeto, com saída de Campinas, as caminhantes passarão por Valinhos, Vinhedo, Louveira, Jundiaí, Várzea Paulista, Cajamar, Jordanésia, Perus e Osasco, concluindo em São Paulo. Além da caminhada pela manhã, no período da tarde, as mulheres participarão de atividades de formação sobre diversos temas, entre os quais: trabalho doméstico; saúde da mulher e práticas populares de cuidado; sexualidade, autonomia e liberdade; educação não sexista e não racista; economia solidária e feminista; soberania alimentar, reforma agrária e trabalho das mulheres no campo; agroecologia; biodiversidade, energia e mudanças climáticas; políticas de erradicação da violência doméstica e sexual; tráfico de mulheres e direito ao aborto.

Início com ato público

No Dia Internacional das Mulheres – 08 de março – um grande ato público em Campinas marcará o lançamento desta 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres. No meio da caminhada, no dia 13, haverá uma ação pública em Várzea Paulista, onde será lançado o livro sobre o histórico da data.  Em Perus, no dia 16, o debate sobre paz e desmilitarização contará com a presença da filha mais velha do revolucionário Ernesto Che Guevara, a pediatra cubana Aleida Guevara.  E o encerramento da Ação será em São Paulo, quando as caminhantes farão um balanço da Marcha e planejarão seus próximos passos.

No calendário internacional de lutas do movimento feminista em 2010, o segundo período de ação ocorrerá de 7 a 17 de outubro, com novos atos e marchas simultâneas que se encontrarão em Sud Kivu, na República Democrática do Congo.

Sobre a Marcha Mundial das Mulheres

A Marcha Mundial das Mulheres nasceu em 2000 como uma grande mobilização contra a pobreza e a violência. Naquele ano, as ações começaram justamente em 8 de março e terminaram em 17 de outubro (Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza), organizadas a partir do chamado “2000 Razões para Marchar contra a Pobreza e a Violência Sexista”.

Marcha das Mulheres em 08 de março de 2005, na avenida Paulista, em São Paulo

Marcha das Mulheres em 08 de março de 2005,
na avenida Paulista, em São Paulo

A inspiração para a criação da Marcha partiu de uma manifestação realizada cinco anos antes (em 1995), no Canadá. Na ocasião, 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. A ação marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente ao sistema capitalista como um todo. Ao seu final, diversas conquistas foram alcançadas naquele país, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.

Histórico de ações internacionais

A Marcha Mundial das Mulheres já realizou duas ações internacionais, em 2000 e 2005. A primeira contou com a participação de grupos de 159 países e territórios. No ano de lançamento da Marcha, as militantes entregaram à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, um documento com 17 pontos de reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas.

A segunda ação mundial, em 2005, novamente levou milhares de mulheres às ruas. A Marcha construiu a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, em que expressa sua visão das alternativas econômicas, sociais e culturais para a construção de um mundo fundado nos princípios da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade entre os povos e seres humanos em geral, com respeito ao meio ambiente e à biodiversidade.

De 8 de março a 17 de outubro daquele ano, as feministas construíram uma grande Colcha Mosaico Mundial de Solidariedade, composta por um retalho de cada país. Tanto a carta quanto a colcha viajaram por 53 países e territórios dos cinco continentes.

Grupo das Mulheres na passeata de abertura do Fórum Social Mundial 2010, em Porto Alegre/RS

Grupo das Mulheres na passeata de abertura do
Fórum Social Mundial 2010, em Porto Alegre/RS

Mais informações

Mais informações sobre a Ação de 2010 da MMM em www.sof.org.br/acao2010 . Contato com a imprensa Ana Maria Straube pelo e-mail anamaria@sof.org.br e fones (11) 3819.3876 e (11) 8445.2524.

Por Ana Maria Straube – Ação 2010 da MMM

DO UNIFICADOS:

Você oprime?

Mais um Dia Internacional da Mulher. Nos próximos dias, milhares de companheiras marcharão pela rodovia Anhanguera no trajeto Campinas/São Paulo, com chegada prevista para o dia 18. É a terceira edição da Marcha Mundial das Mulheres, que ocorre também em diversos outros países.

O que faz com que estas companheiras assumam cumprir, em nossa região, tão dolorosa caminhada de100 kms, sob imenso calor ou chuva, com refeições de forma desconfortável, banheiros improvisados e dormindo precariamente, entre tantas outras dificuldades?

O que as move é o desejo de quebrar as algemas da opressão, da discriminação, de ser só objeto sexual, do preconceito e do machismo que sofrem diariamente, no trabalho e em casa. É a luta pela liberdade do corpo e do ser, da própria vida! Uma vida que é dela, única e finita, e que, na prática, não pode ser vivida plenamente.

Mas quem é que coloca as algemas da opressão nas mulheres?

Tudo bem… existe a indústria da moda, a da “beleza”, o explorador capitalismo, a alienação e a futilidade das mídias “para a mulher”. Tudo isso é significativo. No entanto, em casa, no local de trabalho, como é que cada um de nós trata a companheira?

Quem participa ativamente das tarefas domésticas? Quem respeita as limitações sexuais da companheira? Quem as trata de igual para igual, entende suas características naturais, não apela para rótulos tipo fracas, choronas, reclamonas, gastadoras, frias…?
Quem as trata assim não é “a sociedade”, enquanto algo abstrato, indefinido, sem nome e sem rosto. Quem as trata assim, uma a uma, entre quatro paredes, sou eu e é você, é o amigo de fábrica, de bar, de futebol… Ou seja, o opressor das mulheres somos nós mesmos. Eu e você! Assim, hoje as mulheres marcham também em razão da forma pela qual eu e você as tratamos.

A sociedade tem que mudar… Mas isso somente ocorrerá quando, cada um de nós, individualmente, antes, mudar o próprio comportamento.

E este 8 de março é uma ótima oportunidade. Eu e você, vamos todos deixar de sermos opressores e passar a companheiros de verdade.

Assim, cada um de nós, de mudança em mudança, um dia mudaremos a sociedade.

8 de Março, Dia Internacional da Mulher e dia de luta

Seus salários são menores. Elas têm dupla ou tripla jornada de trabalho (acumulando empregos fora de casa e cuidando sozinhas dos serviços domésticos). São inferiorizadas por padrões de beleza impostos pela indústria de cosméticos, vestuário, etc. São as maiores vítimas da violência dentro de casa. Muitas vezes, são as que levam a culpa por serem estupradas e mortas. Quanto pior a situação econômica, mais vulneráveis elas estão.

Apesar de conquistas, como o direito ao voto, descoberta da pílula anticoncepcional e maior inserção no mercado de trabalho, as mulheres ainda hoje sofrem ofensas e abusos de todo tipo.

Por isso, neste 8 de março, vamos dar e receber flores, em homenagem ao Dia Internacional das Mulher. Mas, vamos também lembrar que a luta por respeito e igualdade deve ser feita em todos os dias do ano, junto com a luta pela libertação de toda a classe trabalhadora.

Mais do que flores e presentes, a data marca a necessidade de se romper preconceitos e discriminações

Data tem origem na luta de classes

A luta pela libertação da mulher nasceu junto com a busca da transformação de toda a sociedade pelos trabalhadores, no fim do século XIX e começo do século XX. Em diversos países que iniciavam a industrialização, mulheres e crianças eram a maioria nas fábricas, sob longas jornadas e péssimas condições de trabalho. Greves e manifestações fervilhavam nas cidades americanas e na Europa.

Não há consenso do porquê da escolha de 8 de março. A versão mais disseminada é a de que nessa data, em 1857, 129 tecelãs teriam sido queimadas vivas pelos patrões que as tinham trancado em uma fábrica durante um incêndio, em Nova Iorque. Mas, estudiosos como Naumi Vasconcelos, professora da UFRJ, afirmam que esse incêndio, nessa data, nunca aconteceu.

Em 1914, Clara Zetkin (1857-1933), dirigente do partido Comunista Alemão, propôs que 8 de março marcasse a luta contra a dominação das mulheres pelos homens numa perspectiva socialista.

A data não remetia a nenhum acontecimento especial. Depois de três anos, em 23 de fevereiro do calendário russo, que correspondia a 8 de março no ocidente, uma greve espontânea das costureiras de Petrogrado foi o estopim da onda que culminou na Revolução Russa. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Fonte: NPC – Núcleo Piratininga de Comunicação – www.piratininga.org.br/
– O Dia da Mulher Nasceu das Mulheres Socialistas, de Vito Giannotti.

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