A tradicional passeata de abertura, que percorreu as principais avenidas de Porto Alegre/RS e terminou com um show na Usina do Gasômetro, marcou a primeira grande manifestação pública do Fórum Social Mundial (FSM), que teve início hoje (25/01/10) e se encerra no próximo dia 29.
Segundo os organizadores, a marcha teve cerca de 30 mil participantes. Diversos grupos políticos e entidades dos movimentos sociais, populares, de trabalhadores e de minorias apresentaram suas palavras de ordem, que sintetizavam suas reivindicações e as causas que defendem.
O Unificados
O Sindicato Químicos Unificados questionou a presença militar, principalmente brasileira e norte-americana, no Haiti reivindicando que ao invés de armas sejam enviados comida, água e remédios para o país recém atingido por terremoto.
Também chamava pela urgência da construção de um “outro mundo”, a sociedade socialista. “Nem o planeta, nem milhões de trabalhadores, de pobres e miseráveis têm mais como esperar”, dizia material impresso distribuído durante a marcha.
Show
No final da marcha houve show com diversos grupos musicais, na prainha da Usina do Gasômetro, às margens do rio Guaíba. Na foto, apresentação de Renato Borghetti.
Balanço de abertura vê avanços e desafios
Fórum Social Mundial – Balanço de 10 Anos foi a atividade que abriu oficialmente a 10ª edição do FSM na manhã de ontem (25/01/10) em Porto Alegre/RS. Com um público de aproximadamente um mil pessoas, entre militantes de movimentos sociais, populares e de trabalhadores de diversos países, o objetivo da atividade era uma análise sobre os resultados a que se chegou após 10 edições do evento, além de apontar para novos desafios e perspectivas.
Para Francisco Whitaker, Secretário Executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e presidente do Conselho de Administração da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, ambos idealizadores e organizadores do primeiro FSM, há muitos avanços.
Ambos destacam que o FSM abriu um espaço plural e troca de idéias, totalmente gerido pela própria sociedade e por seus diversos movimentos, que buscam difundir suas idéias e acumular parceiros e solidariedade para suas lutas.
Para Whitaker, o FSM abre oportunidades de que os diversos grupamentos sociais unam suas lutas e somem esforços na luta contra a exploração capitalista e consumista, no caminho de uma sociedade justa, igual e solidária.
Stédile
João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, embora reconheça as virtudes acima, afirma que a esquerda brasileira não pode e não deve se limitar a isso. Que vê, nos últimos tempos, um recuo das forças progressistas e um avanço da direita, citando como exemplo a eleição de Yeda Crusius governadora do Rio Grande do Sul, e se inflama: “Como é que pode um governo fascista ter vez justamente no Rio Grande do Sul, símbolo do FSM!?”
Stédile pede que as diversas forças de esquerda, nos mais diversos movimentos sociais, populares e de trabalhadores, se unam, que deixem de lado suas “insuperáveis divergências e tendências” e que partam para a luta. E cobra: “Enquanto a esquerda disputa entre seus grupos, a massa trabalhadora e marginalizada está absolutamente desorganizada e sem poder de reação”.
Ele encerra chamando a todos “companheiras e companheiros lutadoras e lutadores” para que se unam para o necessário e real enfrentamento, que é contra o predador e explorador sistema capitalista.
A mesa
A mesa de abertura foi composta por Lilian Celiberti, da Articulación Feminista Marcosur (Uruguai); Faffaella Bollini, da Arci (Itália): Nandita Shah, da National Network of Autonomous Women’s Groups (Índia); Cândido Grzybowski, do Ibase (Brasil); Franscisco Whitaker; Oded Grajew; João Antônio Felício (CUT); Olívio Dutra (ex-governador do RS) e João Pedro Stédile. A coordenação foi de Salete Valesan Camba, representante da Associação Brasileira das ONGs (Abong), professora universitária e coordenadora do Instituto Paulo Freire.
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