O livro Massacre Silencioso – Doença Invisível na Nestlé de Araras terá sua edição em português lançada na Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados, no dia 12 de setembro às 18h30m. O livro é de autoria de Carlos Amorim, escrito originariamente em espanhol, e escancara, com fundamentações, o massacre que a multinacional impõe a seus trabalhadores na linha de produção o que os torna potenciais vítimas de LER – Lesões por Esforços Repetitivos.
Na atividade haverá uma palestra do Dr. Roberto Ruiz, médico do trabalho e assessor de diversos sindicatos e entidades, entre eles o Sindicato Químicos Unificados (Campinas, Osasco e Vinhedo). O Dr. Ruiz é mestre em Medicina Preventiva e Social pela Universidade de Campinas (Unicamp).
Conforme define a Dra. Maria Maeno, especialista em medicina do trabalho e coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de São Paulo, a LER “é um conjunto de afecções que ocorrem nos músculos, tegumentos, tendões, ligamentos, articulações, nervos e vasos sangüíneos. De maneira concomitante ou isolada costumam manifestar-se através de síndromes compressivas de nervos periféricos, tenossinovites, mialgias e outras síndromes dolorosas. Os portadores da doença expressam queixas de dor, parestesia (formigamento/adormecimento), sensação de peso, fadiga – geralmente de aparição insidiosa – nos membros superiores e na região cervical que ao princípio se manifestam em certas situações do trabalho, ou depois da jornada de trabalho, mas que com o tempo invadem os fins de semana, as férias e acabam sendo constantes. Os sintomas podem aparecer dias, semanas, meses ou anos depois da exposição continua ou freqüente a fatores desencadeantes e/ou agravantes da doença.”
Segundo Carlos Amorim denuncia em seu livro, na Nestlé em Araras “… se manipula os médicos para que não ordenem descansos aos lesionados e neguem a existência de LER, porque os líderes da fábrica pressionam os funcionários para alcançar suas metas de produtividade, inclusive com risco de sua segurança e saúde físicas…”
Cláudio Pinto de Oliveira, um dos trabalhadores da Nestlé em Araras que dão depoimentos no livro, diz “Eles aplicam o lema de que há que por peso sobre o burro até que não agüente, então se troca de burro. A produção aumentou o dobro em 25 anos e a folha de funcionário foi reduzida de 2.100 empregados para os atuais 1.300.”
O livro foi publicado pela Secretaria Regional Latinoamericana (Rel-UITA) – www.rel-uita.org , sediada no Uruguai.