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MST começa hoje a marcha Campinas a São Paulo

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu início hoje (06/08/09) às 6h a uma marcha a pé entre Campinas e São Paulo, com previsão de chegada à capital paulista no dia 10 próximo.

A marcha faz parte de jornada de lutas promovida pelo MST durante todo o mês de agosto, em todo o Brasil, integrada também por sindicatos e diversos movimentos sociais e populares, que contará ainda com atos em São Paulo e Brasília. A perspectiva é de que cerca de 1.500 pessoas percorram o trajeto, de aproximadamente 80 quilômetros.

Objetivos

Entre as motivações da mobilização, destaca-se a luta pela realização da reforma agrária como uma política de distribuição de terra, renda e riqueza para milhões de brasileiros. Mais abaixo, em carta aberta divulgada pelo MST à população, as demais reivindicações na íntegra.

Lançamento

Anthero Vieira Filho, dirigente do Unificados, fala no ato de lançamento da marcha do MST. em Campinas (Foto: João Zinclar - 05/08/09)

Anthero Vieira Filho, dirigente do Unificados, fala no
ato de
lançamento da marcha do MST. em Campinas

(Foto: João Zinclar – 05/08/09)

O lançamento da Marcha Estadual MST/SP, denominação da atividade, foi realizado ontem à noite (05/agosto/09) no largo do Rosário, centro de Campinas, com a presença de integrantes do MST, demais participantes da marcha e representantes de sindicatos e movimentos sociais e populares.

A marcha hoje teve início no Ginásio Rogê Ferreira, na avenida João Batista Morato do Canto, s/nº. (próximo à avenida Amoreira e do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti).

Em São Paulo

A chegada da marcha a São Paulo está prevista para ocorrer no dia 10 próximo. Até o dia 14 o MST promoverá diversos atos públicos na capital paulista. Em todos os demais estados brasileiros o MST também promove marchas e atos públicos durante o mesmo período.

Em Brasília

Em Brasília, no dia 14 de agosto, haverá atividades e mobilizações populares contra a crise. A atividade unirá trabalhadores de todo o país para exigir a manutenção do emprego e melhores salários, ampliação dos direitos, redução das taxas de juros e investimentos em políticas sociais. Atividade também integrada pelo MST e entidades de trabalhadores e movimentos sociais.

O Unificados

Militantes e dirigentes das regionais de Campinas, Osasco e Vinhedo do Sindicato Químicos Unificados participarão da Marcha Estadual MST/SP, de Campinas a São Paulo, e das demais atividades da jornada de lutas organizado pelo MST para o mês de agosto.

À população

Leia a seguir carta-aberta de autoria do MST que será entregue à população, explicando as motivações da marcha e as reivindicações da entidade e da classe trabalhadora:

POR QUE MARCHAMOS?

Somos trabalhadores e trabalhadoras rurais organizados no Movimento Sem Terra / Via Campesina, que lutamos pelo direito a um pedaço de terra onde possamos plantar, colher e garantir uma vida digna às nossas famílias.

Oriundos de várias partes do Estado de São Paulo, de diferentes comunidades, assentamentos e acampamentos para dialogar com a sociedade e os poderes constituídos com o objetivo de denunciar a condução das políticas em nosso país, as quais favorecem apenas os ricos que, por meio da apropriação capitalista, aumentam a cada dia mais a exploração e a miséria da classe trabalhadora. É por isso que marchamos:

Marchamos para reafirmar a necessidade da realização da Reforma Agrária como uma política de distribuição de terra, renda e riqueza para milhões de brasileiros que de forma direta ou indireta serão beneficiados. Dizem que São Paulo não tem terra para os SEM TERRA, entretanto, é um dos estados com uma das agroindústrias mais concentradoras a qual convive com os maiores índices de êxodo rural e miséria em suas pequenas e médias cidades do interior, além do terrível cenário atual nas periferias das grandes metrópoles, onde se concentram milhões de pessoas sem alternativa de vida digna. O povo brasileiro precisa recolocar a Reforma Agrária na pauta do país e dizer que somente através dela é que vamos conseguir produzir alimentos de boa qualidade, a baixo custo e empregar milhares de pessoas que foram expulsas do campo pelo Agronegócio.

Marchamos porque somos contra a concentração da propriedade da terra, das florestas, da água e dos minérios, pois, além de causar a destruição da natureza, expulsa os camponeses, os pequenos produtores, os povos indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas. Condenamos a política agrícola e ambiental dos sucessivos Governos Tucanos em São Paulo e do Governo Lula, pois só têm beneficiado o agronegócio, seus interesses econômicos e incentivado a destruição ambiental.

Marchamos para reafirmar a necessidade de unificar toda a classe trabalhadora, do campo e da cidade, para juntos consolidar um processo de emancipação pelo qual possamos ter de fato emprego decente, moradia digna, saúde e educação gratuita e de qualidade, alimentos saudáveis para todo povo brasileiro.

Marchamos para denunciar a exploração da classe trabalhadora por seus patrões e fazer com que o nosso apelo seja ouvido e que soluções sejam tomadas: a cada dia aumenta o número de pessoas desempregadas, e agora com a crise dos ricos, sobra para nós, os empobrecidos, pagarmos a conta. Precisamos nos fortalecer enquanto classe trabalhadora para garantir que se cumpram os direitos trabalhistas e previdenciários; a maioria dos empregadores sequer assina a carteira de seus funcionários. É inadmissível e indignante vivermos ainda hoje com a existência de trabalho escravo em nosso país, e assistirmos passivos os aumentos sucessivos de incentivos para aquelas agroindústrias que o promovem.

Marchamos também para repudiar a crescente criminalização da luta social e da pobreza em todo o país. Não é possível admitir que num país dito democrático, cada vez mais seja considerado crime o exercício legítimo de organização política e reivindicação de nossos direitos assegurados formalmente até pela Constituição Federal. Muito menos admitir que pessoas, sobretudo jovens e negros das periferias urbanas, sejam a cada dia mais consideradas “suspeitas” simplesmente por viver na pobreza ou na miséria material, tornando-se vítimas prioritárias das políticas de criminalização, encarceramento e execuções sumárias em massa que se tornaram uma prática comum do Estado brasileiro nos últimos anos.

Marchamos, finalmente, para refletir e debater também sobre a forma com que o meio ambiente está sendo tratado. O nosso país ainda tem o privilégio de possuir riquíssimos biomas: como a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, o Pantanal etc, porém, infelizmente a cada dia que passa, mais ameaçados estão nossas matas, florestas, rios, animais, clima e seres humanos? devido à busca desenfreada dos capitalistas pelo lucro. É preciso frear a ganância dos poderosos que, para seguir aumentando seus lucros, passam por cima de tudo e de todos. Nos dias de hoje já vivenciamos vários problemas de ordem climática que é resultado desta ganância dos ricos.

O povo não pode pagar a conta. Que os ricos paguem a conta da crise!


CRESCEMOS SOMENTE NA OUSADIA!  (Mário Benedetti)

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