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Pobres trabalham 91 dias a mais que ricos para pagar impostos

Um estudo (capa acima) divulgado hoje (30 de junho de 2009) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que pessoas com renda de até dois salários mínimos gastam 91 dias a mais por ano do que aquelas que ganham mais de 30 salários mínimos para pagar seus impostos. Segundo o levantamento, a carga tributária bruta para a primeira faixa de renda em 2008 foi estimada em 53,9%, enquanto que para a segunda foi de 29%.

Márcio Pochmann, presidente do Ipea (2º à esq.), durante divulgação do estudo

Márcio Pochmann, presidente do Ipea (2º à esq.),
hoje, durante entrevista de divulgação do estudo

De acordo com o estudo, as pessoas com renda até dois salários mínimos gastaram, em média no ano passado, 197 dias do ano para pagar impostos. Já as com renda superior a 30 salários mínimos tiveram que trabalhar 106 dias na mesma base de comparação, ou seja, três meses e meio a menos.

Ser rico é ser beneficiado

“A carga tributária para quem recebe até dois salários mínimos é 85,8% maior do que para quem recebe acima de 30 salários mínimos mensais. Ser proprietário no Brasil é ser beneficiado pelo sistema tributário brasileiro ao passo que ser rico também é ser beneficiado pelo sistema tributário brasileiro”, comenta o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

De acordo com o Ipea, o sistema tributário brasileiro contraria o princípio da “equidade” ou “capacidade contributiva”. “Ou seja, (o sistema tributário) não se deveria impor aos cidadãos de menor capacidade econômica – normalmente entendidos como aqueles de menor renda e menor patrimônio – o mesmo esforço tributário exigido dos cidadãos de maior capacidade econômica”.

Os dados levam em consideração uma estimativa que o Ipea tinha da carga tributária bruta em 2008 e englobam todos os impostos, inclusive os embutidos no preço final de mercadorias e serviços, como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Pobres pagam 32,8%; ricos, 22,7%

Agregando os segmentos de renda o estudo aponta que os 10% mais pobres da população brasileira destinam 32,8% de seus rendimentos para o pagamento de tributos, enquanto que os 10% mais ricos consomem 22,7% de seus ganhos para pagar impostos.

Segundo a estimativa do Ipea, a carga tributária do País atingiu 36,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e cada brasileiro teve que trabalhar, em média, 132 dias para pagar os tributos.

Por destinação da carga tributária bruta, o Ipea apurou que o segmento de despesa que mais consome dias de trabalho para ser custeado é a Previdência Social, que custou ao contribuinte, em 2008, uma estimativa de 24 dias trabalhados.

“O Programa Bolsa-Família, que complementa a renda de 11,6 milhões de famílias, custa ao governo federal 0,4% do PIB. Para financiá-lo, é necessário arrecadar o equivalente a um dia e meio do contribuinte”, aponta o levantamento.

Quando avaliada a destinação da carga de taxas e impostos, o Ipea aponta que quase um sexto de toda a arrecadação de impostos foi destinada exclusivamente ao pagamento de juros, sendo que União, Estados e municípios repassaram montante equivalente a 20 dias e meio de trabalho do contribuinte ou 5,6% do PIB.

Injustiça

“Os tributos representam o sistema mais representativo no qual o sistema político coloca em prática (seus ideais). A forma de tributação representa a maneira pela qual o sistema político colocou em prática seu sistema de justiça ou de injustiça”, avalia Pochmann.

Fonte: Redação Terra
Laryssa Borges – Direto de Brasília


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e leia, na íntegra, inclusive com gráficos ilustrativos, o estudo produzido e divulgado hoje pelo Ipea.

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