O ato teve início na Câmara de Vereadores de Santana do Parnaíba, com a entrega de um relato sobre a situação da empresa. Na seqüência houve uma caminhada dos trabalhadores até o centro da cidade (foto abaixo), com uma manifestação em frente à prefeitura e a entrega de material de esclarecimento sobre a mobilização à população. A Mauser tem 260 trabalhadores.
Direito ao emprego
Uma comissão composta por trabalhadores da Mauser e dirigentes do sindicato foi recebida pelo chefe de gabinete de Santana do Parnaíba, que representou o prefeito, e pelo secretário da indústria e comércio do município, Jamil Toufic Akkari, que garantiu à comissão irá acompanhar e auxiliar a luta dos trabalhadores pela manutenção dos postos de trabalho.
O chefe de gabinete fez ligações telefônicas para a unidade da Mauser em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ele falou com o presidente do grupo no Brasil, Cláudio Parelli, que se comprometeu a participar de reunião com a comissão de trabalhadores marcada para o próximo dia 25 de julho na Delegacia Regional do Trabalho em Osasco.
Com o ato, o objetivo dos trabalhadores da Mauser foi o de divulgar à população da cidade os problemas sociais e econômicos que poderão ocorrer caso a fábrica seja desativada e de cobrar uma posição dos poderes executivo e legislativo da cidade sobre o fato.
A ameaça de fechamento da unidade surgiu com a reestruturação iniciada em junho pela Mauser nas fábricas do grupo, com retirada de máquinas da unidade de Santana de Parnaíba. O fato de a empresa se negar a assinar um termo de compromisso para não desativar a unidade e de não realizar demissões em massa agravou a insegurança dos trabalhadores.
Além do ato de ontem, o sindicato realizou manifestação na fábrica de Suzano no dia 12 de julho e um ato no escritório principal da empresa, em São Paulo, no dia 13. Diversas assembléias de trabalhadores também têm ocorrido no portão da fábrica.
Estado de alerta
A preocupação dos trabalhadores passa a ser de toda a população, já que um possível fechamento da fábrica afetaria social e financeiramente os 260 trabalhadores da Mauser, suas famílias e a comunidade em geral.
Sindicato e trabalhadores farão todo o possível para impedir o fechamento da fábrica em Santana de Paranaíba e garantir os empregos. Serão realizadas outras ações que envolvam o conjunto da sociedade, pois a luta pela manutenção dos postos de trabalho é uma tarefa de
todos.
Histórico
Mauser adquire fábrica da Girona
A fábrica da antiga Girona Embalagens Plásticas Industriais Ltda, hoje pertencente à Mauser do Brasil, opera na cidade de Santana do Parnaíba desde o ano de 1982. Atua desde então, em uma área instalada de 14.000 m², no mercado de baldes plásticos, bombonas, tambores e similares e opera com máquinas injetoras e sopradoras de última geração.
A Girona foi incorporada pelo grupo carioca Metalúrgica Barra do Piraí (MPB), em 19991, em uma estratégia de disputa nacional do mercado brasileiro, bem como outras empresas de pequeno e médio porte.
Em 2006 a Metalúrgica Barra do Pirai, que estabelecia relações de parceria com a Mauser, resolveu mudar de estratégia e ficar somente com a parte de fabricação de telhas. Todo o restante foi vendido para a Mauser que incorporou toda a estrutura de embalagens industriais – embalagens flexíveis – frascos, bombonas, baldes, containeres, reciclagem de PEAD, PP, PEDB e tambores.
“Raio-x” da Mauser no mundo
O Grupo Mauser (Mauser Group) é um gigante e líder mundial no ramo de embalagens (notadamente para a indústria química, petroquímica e de alimentos) e contêineres. Está presente em 32 países, entre eles: França, Alemanha, Turquia, Espanha, Singapura, Tailândia, China, Itália, Índia, nos Países Baixos, Reino Unido América do Norte e do Sul.
O crescimento anual tem sido fabuloso, no ano de 2006 teve um faturamento aproximado de 1 bilhão de euros, o equivalente a R$ 2.687.000.000 (dois bilhões, seiscentos e oitenta e sete milhões de reais).
O Grupo, de capital alemão, emprega cerca de 5.000 trabalhadores de forma direta em 50 pontos espalhados pelo mundo.
No Brasil
De todo o faturamento do grupo no mundo estima-se que os trabalhadores da empresa no Brasil contribuem com cerca de 10%, ou seja, aproximadamente 300 milhões de reais.
No Brasil suas plantas estão localizadas nas cidades de Barra do Pirai e Belford Roxo no estado do Rio de Janeiro e em Santana do Parnaíba, Matão e Suzano, em São Paulo.
A direção da empresa, baseada em pesquisas de mercado que indicam potencial gigantesco de crescimento, tem dado prioridade de investimentos para o Brasil. Só no Rio de Janeiro o grupo investiu recentemente cerca de 50 milhões de reais na modernização do parque produtiva.
Ameaça de fechamento e desemprego
Desde o ano passado, após a nova direção da empresa assumir o comando das operações, as chefias têm dito que uma reestruturação produtiva será feita com o objetivo de “melhorar a produção de acordo com a demanda do mercado”.
No dia17 de maio deste ano, em reunião com o Sindicato dos Químicos Unificados, a Mauser anunciou que iria seguir sua estratégia de reestruturação em todas as unidades. Isto implicaria em uma redistribuição das linhas produtivas e, no caso da fábrica de Santana de Parnaíba, a saída de algumas máquinas para outras unidades seriam substituídas por outras, sem impacto e demissões.
O fato é que até o momento apenas saíram máquinas, não chegou nenhuma nova em substituição e as demissões começaram a acontecer a “conta-gotas”, o que gerou um clima de instabilidade.
A insegurança se agravou na reunião ocorrida no último dia 22 de junho quando a empresa se recusou a firmar documento oficializando o compromisso de não fechar a unidade e nem gerar desemprego em massa.
O impacto que isso pode gerar
A fábrica de Santana de Parnaíba emprega de forma direta cerca de 260 trabalhadores, número de postos de trabalho extremamente significativo para a cidade.
Apesar dos representantes da empresa não reconhecerem formalmente qualquer ameaça, sabemos que no Brasil, em geral, reestruturação produtiva significa demissão em massa, fechamento de fábricas, aumento do ritmo de produção e de doenças ocupacionais.
Temos conhecimento que a Alemanha é signatária de diversos acordos internacionais que regulam ações dessa natureza. Portanto, a empresa, por ser de capital alemão, deveria respeitar tais acordos também no Brasil, além é claro da legislação brasileira e da organização dos trabalhadores.
Uma demissão em massa produziria efeitos gravíssimos para uma cidade situada em uma região do país com um dos maiores índices de desemprego e subemprego, pois, além de comprometer a geração de renda na cidade, pode reduzir bruscamente a arrecadação de impostos e, consequentemente de políticas sociais.
Mais informações
Para mais informações favor ligar para a Regional de Osasco do Sindicato Químicos Unificados pelo telefone (11) 3608.5411 ou pelo e-mail plasquiluta@uol.com.br
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Assista vídeo do ato de protesto no centro de Santana de Parnaíba contra o fechamento da empresa