“Os Caminhos do Dom Paulo e os Direitos Humanos” é o título da exposição de Douglas Mansur, em homenagem aos 95 anos do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, falecido em dezembro de 2016.
São 95 fotografias, feitas entre 1980 e 2016, que retratam momentos importantes da Igreja Católica, sob a ótica humana e progressista do chamado “cardeal dos pobres”.
Desde o inicio da década de 1980, Douglas Mansur registra imagens dos Movimentos Sociais, das Comunidades Eclesiais de Base, da hierarquia da Igreja Católica, da caminhada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e do sindicalismo brasileiro.
Mansur explica: “Fotografar é eternizar os momentos para que as próximas gerações possam sentir olhar e aprender com esse o que hoje estamos construindo”.
Foi com esse objetivo que ele preparou a homenagem a Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal que se tornou símbolo da luta por justiça social, resistência à opressão e de respeito e valorização à vida e à dignidade humana.
Por onde vai passar
17/11 – Sexta-feira, 19h – Paróquia Divino Salvador – Rua Júlio de Mesquita, 126 – Centro.
30/11 – Quinta-feira, 19h – Paróquia Santa Luzia – Rua Mogi Mirim, 590 – Campos Elíseos.
01/12 – Sexta-feira, 20h – Paróquia Santa Maria dos Oprimidos – Av. Nelson Ferreira de Souza, Jardim Florence II.
09/12- Sábado, 19h – Paroquia Bom Pastor – Rua Irineu de Oliveira Leme, 74 – Sao Bernardo.
14/12 – Quinta-feira, 19h, Plenarinho da Câmara Municipal – Av. Engenheiro Roberto Mange, 66 – Ponte Preta.
O Cardeal dos Pobres
Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016) foi um frade franciscano, arcebispo emérito de São Paulo e cardeal brasileiro.
Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016) nasceu em Forquilhinha, Santa Catarina, no dia 14 de setembro de 1921. Filho de Gabriel Arns e Helena Steiner, descendentes de imigrantes alemães, quinto de treze filhos do casal, tem três irmãs freiras e um irmão que faz parte da Ordem dos Frades Menores.
Era irmão de Zilda Arns, morta em 2010, no terremoto ocorrido em Porto Príncipe, capital do Haiti, onde realizava trabalhos Humanitários.
Dom Paulo Evaristo Arns iniciou seus estudos em sua cidade natal. Em 1939 ingressou na ordem franciscana do Seminário São Luiz de Tolosa, em Rio Negro no Paraná. Em 1940 entrou no noviciado em Rodeio, Santa Catarina.
Foi ordenado padre em 30 de novembro de 1945, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Durante dez anos exerceu o ministério dando assistência à população carente de Petrópolis.
Dom Paulo lecionou no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis e na Universidade Católica de Petrópolis. Cursou Filosofia Cristã e Línguas Clássicas na Universidade de Sorbonne, em Paris, onde se doutorou em 1952. Após retornar ao Brasil, lecionou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da cidade de Agudos e também em Bauru.
Em seguida, voltou a Petrópolis, e como vigário, atuou junto à população carente.
De volta a São Paulo, foi indicado bispo auxiliar de Dom Ângelo Rossi, em São Paulo. Em 1970, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Em 1972, criou a Comissão Brasileira Justiça e Paz, da diocese de São Paulo, para denunciar os abusos do regime militar. Nessa época, peregrinava de quartel em quartel, usando sua influência para libertar dezenas de presos políticos.
Em 1973, no mesmo ano em que foi promovido a cardeal pelo Papa Paulo VI, o religioso pôs a venda o Palácio Episcopal Pio XII.
A mansão foi vendida e o dinheiro foi usado para erguer mais de 1200 centros nas periferias, onde incentivou a instalação de 2000 comunidades eclesiásticas de base (CEBs), que pregavam o combate à desigualdade e à miséria.
Em 1985, ele criou a Pastoral da Infância, com a irmã Zilda Arns. Apoiou a Teologia da libertação, se posicionando ao lado de Leonardo Boff, um dos maiores expoentes daquele movimento católico de esquerda-socialista, o que desagradou ao Vaticano.
Dom Paulo Evaristo Arns foi um dos principais nomes na luta contra a ditadura e ficou conhecido como o “Cardeal da Esperança”. Ao lado do pastor presbiteriano Jaime Wright, coordenou o projeto Brasil Nunca Mais, que reuniu documentos e denunciava a prática de crimes cometidos contra os presos políticos.
Dom Paulo escreveu 56 livros e recebeu 24 títulos Honoris Causa em universidades do mundo todo Como cardeal eleitor, participou de dois conclaves, os de agosto e outubro de 1978, que escolheram os papas João Paulo II, a quem recepcionou em São Paulo em 1980.
Em 1996, Arns completou 75 anos, a idade em que pelo Código Canônico o cardeal é obrigado a apresentar sua renúncia ao papa. No dia 15/4/1998, sua aposentadoria foi aceita, encerrando uma carreira de 28 anos do religioso.
Foi então nomeado Arcebispo Emérito de São Paulo. Há dez anos, o religioso mudou-se para um convento franciscano em Taboão da Serra. Desde 28 de novembro, tratando de uma broncopneumonia, o religioso estava internado na UTI do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.
Dom Paulo Evaristo Arns faleceu em São Paulo, no dia 14 de dezembro de 2016. Seu corpo foi sepultado na Catedral da Sé, em São Paulo.