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Mulheres: luta diária por trabalho e pela vida

Rita Lima, diretora de Relações do Trabalho da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) e da Intersindical: conquistamos avanços, mas é preciso ocupar o poder que merecemos

“É sempre muito oportuno realçar o significado do 8 de março tanto para nossa luta, como para conquista dos direitos das mulheres no Brasil e no mundo”, afirma Rita Lima. Para ela, a data também é um momento quando diferentes vozes femininas vão às ruas para reivindicar direitos ainda não conquistados. “É o momento também para denunciar situações como feminicídio e a violência contra as mulheres que cresce a cada dia nesse país”, acrescenta.

Segundo Rita, a luta diária é incansável pelo fim da violência, para que parem de matar pelo fato de ser mulher. “É verdade que a gente teve alguns avanços, mas ainda não ocupamos os espaços de poder como merecemos”, diz. Em relação ao trabalho, ao analisar o desemprego, verifica-se que a taxa de desocupação das mulheres é de 16,8%. “E quando remetemos para as mulheres negras, essa taxa se eleva para 19,8%”.

Unificados| Qual é a análise sobre a luta por equiparação salarial de gênero?
Rita lima – Somos 45% da população economicamente ativa e, mesmo assim, a desigualdade salarial ainda é muito presente. Estudo recente do DIEESE mostra, a partir de dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) de 2020, que os homens ganham em média R$ 2.694,00 e as mulheres R$ 2.191,00. Isso fica mais evidente para profissionais liberais ou com profissões que exijam o ensino superior. As mulheres, apesar de bem escolarizadas e a maioria no ensino superior, ainda assim ganham menos.

Essa disparidade também se agrava com relação às mulheres negras que chegam a ganhar em média por hora R$ 10,95. Já as mulheres não negras ganham R$ 18,15 por hora. Então como se percebe: do ponto de vista salarial ainda há muita desigualdade e muita caminhada para conquistar a equiparação salarial entre gêneros.

Unificados |Como avalia a luta das trabalhadoras no Brasil? Quais avanços e o que ainda é preciso avançar?
Rita Lima – A luta das mulheres no Brasil vem de muito longe, se pensarmos que no mundo antes mesmo do capitalismo existir já se lutava contra o patriarcado em todas as suas formas de opressão. No Brasil, isso se soma ao período escravista, quando as mulheres já lutavam por liberdade. Desde então, a nossa luta não tem trégua. Seja pelo direito ao voto, à liberdade, por educação pública, pelo direito aos nossos corpos e de fazermos o que bem entendermos. Por inserção no mercado de trabalho, pelo salário e trabalho igual e por tantas outras coisas que a gente fala todos os dias e o dia inteiro.

A gente também vive mais do trabalho informal, ou seja, sofremos mais com a precarização, que se agravou no governo Temer. A reforma trabalhista piorou para classe trabalhadora como um todo, mas as mulheres sofrem mais com isso. Somos poucas ainda no congresso, nos ministérios e muito poucas no judiciário. Precisamos avançar cada vez mais nesses espaços. Isso sem falar na ocupação dos cargos de chefia nas grandes, médias e pequenas empresas. Em todos os lugares, a gente ainda é menos. Apesar de algumas, como no caso das bancárias, fazerem concurso público, elas ainda têm dificuldades para ocuparem cargo de chefia.

Unificados | A classe trabalhadora tem perdido muitos direitos desde a reforma trabalhista do governo Temer. Como analisa situação das mulheres?
Rita Lima – Sem dúvida depois da reforma trabalhista e da previdenciária, as mulheres estão indo para informalidade, portanto, sem direitos. Muitas delas, sem a perspectiva de se aposentar um dia. Essa situação foi muito agravada com a pandemia, em que o desemprego cresceu atingiu todos e todas, mas as mulheres foram mais afetadas. Milhares de mães, que são a chefe de família, ficaram desempregadas e tiveram muita dificuldade para sobreviver nesse período, mesmo com o auxílio emergencial, que agora já não existe mais. Elas estão com muita dificuldade. Por isso, a luta pela vacina, para que elas possam buscar emprego, trabalhar, viver e buscar o sustento dos seus filhos. A gente precisa dessa vacina.

Unificados | Por que é tão importante levantar as bandeiras da vacina para todos, auxílio emergencial e Fora Bolsonaro?
Rita Lima – Sem dúvida, a pandemia afetou profundamente as mulheres com a sobrecarga de trabalho, com a maior violência doméstica, com a perda de emprego. Por isso, a luta pelo auxílio emergencial até o fim da pandemia e uma renda básica universal para todos. O fim desse governo Bolsonaro e Mourão é uma necessidade para podermos construir um Brasil com outra perspectiva. Esse governo genocida, que não respeita direito das mulheres e os direitos do nosso povo, precisa ter fim. Um governo que só se preocupa com a economia e não se preocupa com a vida do seu povo. Por isso, 8 de março também teve esse significado de somar as lutas. Toda a classe trabalhadora pelo Fora Bolsonaro, pelo fim desse governo genocida. Vacina já para todos, auxílio emergencial e Fora Bolsonaro são bandeiras que entram na luta em defesa da vida das mulheres. Ainda temos muito a conquistar nesse país racista, machista e xenofóbico. É preciso avançar, por isso, fomos dia 8 para as ruas exatamente por causa dessa necessidade. Nós somos uma força fundamental para derrotar esse governo e por fim a ele.

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