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Resultados preliminares de exames realizados pelo sindicato em ex-trabalhadores

Sindicato prova contaminação da Shell

Dr. Roberto C. Ruiz (esq.); Arlei Medeiros, dirigente sindical e
Antonio De Marco Rasteiro, ex-trabalhador da Shell Brasil S.A.

A Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados provou com exames clínicos e laboratoriais que a Shell Brasil S.A. contaminou seus trabalhadores da fábrica em Paulínia, fato que a empresa se recusa a admitir mesmo com seu histórico de contaminações ambientais já comprovadas no Recanto dos Pássaros, em Paulínia, e na Vila Carioca, em São Paulo. Segundo trabalho do Dr. Roberto Ruiz, assessor médico do sindicato, em cerca de 72% dos trabalhadores examinados foram constatados resultados compatíveis com exposição e intoxicação com origem no local de trabalho, no caso a Shell. Em razão das dificuldades financeiras, já que esses exames são caros e foram custeados pelo próprio sindicato, 11 companheiros foram analisados do total de 840 que trabalharam na Shell. Em Ação Civil Pública movida pelo sindicato contra a Shell, a Regional de Campinas pede, entre outros pontos, que a empresa seja condenada pela Justiça a realizar exames em todos os trabalhadores, supervisionados pelo Dr. Ruiz, e a custear todo o tratamento necessário aos contaminados.

RESULTADOS PRELIMINARES DA INVESTIGAÇÃO ENTRE EX-TRABALHADORES SHELL

Limitações por imposições econômicas

· Amostra reduzida (total de 11 trabalhadores no resultado final);
· Ausência de mais profissionais na equipe (neurologista, psicóloga, hepatologista, etc.)

Objetivo

O objetivo desta nossa avaliação foi bem preciso:
· Ter uma possibilidade mínima de afirmar ou negar a probabilidade da ocorrência de intoxicações químicas entre os ex-trabalhadores da Shell;
· Demonstrar a necessidade da intervenção das autoridades públicas, no sentido da composição de equipe técnica isenta e idônea para avaliação e seguimento para o universo total de ex-trabalhadores.

Método

Os resultados ora apresentados foram concluídos a partir de:
· Exame clínico (realizado por um só médico, devido à limitação econômica para composição de uma equipe multidisciplinar);
· Análise de exames laboratoriais (usamos exames que os trabalhadores já tinham, em razão de não dispormos de recursos para a realização de novos exames);
· Análise de biópsia de tecido gorduroso, com dosagem de produtos organoclorados (financiado com recursos próprios do sindicato). Resultados
· 100% dos trabalhadores examinados têm uma ou mais alterações de saúde;
· Destes, 72,72 % têm sinais e sintomas que podem ser plenamente compatíveis com a exposição e intoxicação ocupacional.
· As alterações compatíveis com exposições ocupacionais encontradas são: alterações hepáticas (alterações de forma e de função hepática), alterações de tireóide, alterações de sistema nervoso central e periférico, alterações de sangue.

Encaminhamentos necessários

· Iniciar tratamento imediato naqueles em que foram detectadas lesões (pensar na operacionalização disto: quem vai arcar com o custo de avaliação com outros médicos especialistas, transporte dos pacientes para clínicas e hospitais, custos da medicação necessária, etc.);
· Pensar um protocolo de avaliação semestral entre os ex-trabalhadores em que não se encontrou nenhuma alteração, haja vista que as exposições a que foram submetidos são de longa latência, ou seja, podem vir a trazer doenças muitos anos depois da exposição.

Compromisso final desta primeira etapa

Produzir um documento final desta análise para ser anexado aos autos da Ação Civil Pública movida contra a Shell, na cidade de Paulínia, no prazo máximo de 20 dias.

Conclusão

Este trabalho atingiu seu objetivo, na medida em que mostrou que existem evidências de contaminação de trabalhadores por exposição sofrida no período em que laboraram na empresa.

Dr. Roberto Carlos Ruiz
· Médico – CRM-SP 70134
· Médico Assessor do Sindicato Químicos Unificados em Saúde do Trabalhador
· Diretor do Departamento de Saúde no Trabalho da Regional Latino-Americana (Montevidéu) da União Internacional de Trabalhadores da Alimentação (UITA)

Campinas, 27 de agosto de 2002

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