A luta por fábrica colocada em prática pelos cerca de 35 mil trabalhadores do ramo químico da base territorial do Sindicato Químicos Unificados (Campinas, Osasco e Vinhedo) ganha corpo e se expande por várias empresas, com paralisações temporárias da produção e greves totais. Mobilizada na Campanha Salarial 2006, a categoria recusou a contraproposta patronal de um acordo coletivo com o reajuste de 3,5% nos salários. Decidiu partir para a tática de pressionar fábrica por fábrica, com o objetivo de conquistar um índice maior de aumento e reivindicações para a solução de problemas específicos.
Rhodia, 3M e EMS:
atraso na produção
Entre ontem e hoje (22 de novembro), todos os turnos da produção mais o setor administrativo da Rhodia Brasil, em Paulínia, realizaram assembléias e decidiram por atrasar o início do trabalho. A entrada dos trabalhadores que na manhã de hoje seria no intervalo das 6 às 8 horas, ocorreu somente às 10 horas. E essa entrada sempre se dá por meio de uma passeata, que percorre o interior da empresa. A Rhodia tem cerca de 1.600 trabalhadores entre contratados e terceirizados na planta de Paulínia.
Na 3M do Brasil, em Sumaré, por duas vezes houve atraso na produção por duas horas. Uma no dia 14 e outra em 24 de outubro. Na 3M a mobilização também é por conta de reivindicações quando à jornada de trabalho. Na planta de Sumaré, a multinacional tem cerca de 1.800 trabalhadores.
Em Hortolândia, os aproximadamente 1.800 trabalhadores da EMS Sigma-Pharma realizaram duas assembléias com atraso na produção e, na última decidiram aprovar o estado de greve. Na última paralisação, a direção da farmacêutica propôs elevar o índice de reajuste salarial dos 3,5% para 5%, mas os trabalhadores querem uma porcentagem maior.
Após a interrupção temporária da produção na Girona Embalagens, em Barueri, a empresa assinou um acordo específico com o reajuste salarial no índice de 9%, o que representa um aumento real de 6,29% nos salários.
As paralisações também atingem diversas outras empresas de porte menor.
Greves totais
Na Saint-Gobain Cerâmicas e Abrasivos, localizada em Vinhedo, uma greve no dia 16 de novembro parou totalmente a produção por 24 horas. A empresa, que tem cerca de 400 trabalhadores, após a paralisação entrou em contato com o sindicato para reabri negociações sobre o índice do aumento salarial.
Nos dias 26 e 27 de outubro, os aproximadamente 200 trabalhadores da Adelbras Adesivos, em Vinhedo, fizeram uma greve de 48 horas que interrompeu totalmente a produção. A greve chegou ao fim quando a empresa, além de se propor a acatar diversas reivindicações específicas, fez a proposta de elevar de 3,5% para 8,5% o aumento salarial.
A Campanha Salarial 2006
Encerradas as negociações entre os sindicatos e a patronal do ramo químico na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a categoria partiu para a luta por fábrica para conquistar reajuste nos salários maior do que os 3,5% então oferecidos pelas empresas e garantir reivindicações específicas. A data base da categoria é 1º de novembro.
Com a inflação oficial de 2,71% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos últimos doze meses (01 de novembro de 2005 a 31 de outubro último), os trabalhadores teriam um aumento real nos salários de 0,79%. Na campanha salarial é reivindicado um reajuste de 10%. Como a patronal radicalizou e encerrou as negociações na Fiesp, os trabalhadores deram início à tática da luta fábrica por fábrica.