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ENTREVISTA: Terror permanente na Colômbia

Moreno, baixo, com rosto redondo e barba por fazer, esse é Edgar Paez, representante do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria de Alimentos da Colômbia – Sinaltrainal.

Com um largo sorriso, o sindicalista aceitou conversar com o Unificados sobre a atual situação política de seu país. A entrevista ocorreu durante o Congresso da Classe Trabalhadora – Conclat, realizado em Santos nos dias 5 e 6 de junho.

Recentemente, foram realizadas eleições presidenciais na Colômbia, onde o candidato governista Juan Manuel Santos saiu vitorioso. O novo presidente promete continuar a política militarista e nociva aos trabalhadores.

Juan Manuel Santos foi ministro da Defesa do governo Uribe e enfrentou diversas acusações de violação dos direitos humanos e de incentivar a presença de grupos paramilitares no país.

Segundo Edgar, mais de 700 trabalhadores foram assassinados nos 8 anos da gestão Uribe. Além disso, houve uma grande deterioração dos salários e dos direitos trabalhistas.

É esse o clima de terror e incerteza que existe hoje entre os trabalhadores colombianos, e que o sindicalista apresenta aos leitores do Jornal do Unificados.

Edgard Paez, sindicalista colombiano, no Fórum Social Mundial

Edgard Paez, sindicalista colombiano,
no Fórum Social Mundial

 
TRABALHADORES PERSEGUIDOS

Governo Uribe

Nesses oito anos de governo Uribe a realidade foi muito lesiva para os trabalhadores e para o povo colombiano. Um período muito grave. Somente nos movimentos sindicais foram assassinados cerca de 700 homens e mulheres. Além disso, se deterioraram os salários e se perderam muitíssimos direitos.

O governo tem alguns pilares fundamentais, entre eles a chamada Segurança Democrática, que é a militarização total do país. O aprofundamento do Plano Colômbia, que no ano passado instalou sete novas bases militares, os aeroportos internacionais foram colocados a serviço dos Estados Unidos.

 Nos últimos três anos iniciou-se na Colômbia um processo de anistia geral ao paramilitarismo.

Hoje, a imensa maioria está livre, mas novamente volta (na realidad, nunca pararam) a aniquilar e assassinar o povo. Os paramilitares tomaram cerca de cinco milhões de hectares no país, 4,5 milhões de camponeses foram removidos de suas terras.

Privatizações

A imensa maioria das empresas do Estado foi privatizada. A única exceção é a Ecopetrol (responsável por uma parte do petróleo colombiano), uma refinaria que teve o processo revertido, mas também teve seu modelo de trabalho alterado e abriu o capital por meio de ações na bolsa de valores. Tudo isto gerou uma reação muito forte do povo colombiano.

Privacidade

Os paramilitares entram ilegalmente nos correios eletrônicos, nas comunidades da web, roubam informações dos computadores, dos celulares, grampeiam todas as formas de comunicação com o objetivo perseguir dirigentes sociais, dirigentes de esquerda, membros das cortes de Justiça, da Anistia Internacional e de outras organizações internacionais que estão no país.

Este é mais um dos grandes problemas que vivemos atualmente na Colômbia. Toda esta interceptação tem o objetivo de identificar quem pensa diferente e colocar em uma lista dos inimigos do Estado. Como eu disse, muitos trabalhadores foram assassinados, desapareceram ou mudaram de país.

Próximo governo

Juan Manoel Santos, que foi ministro da Defesa do governo Uribe, será o novo presidente da Colômbia. Estas eleições foram fraudadas, muito mais fraudadas que as anteriores. Houve compra de votos, a população foi obrigada a votar nos candidatos da direita, do governo. Aprofundou-se a corrupção e o poder paramilitar se consolidou no governo.

Para nós não é segredo que durante a permanência de Santos no Ministério da Defesa, muitas arbitrariedades foram cometidas. Forças paramilitares invadiram universidades e colégios, assassinaram jovens, os colocaram de uniforme e os apresentaram como mortos em combate, como se fossem representantes das Farc. Eu presenciei casos como estes bem de perto. Santos tem muito a ver com isto.

A atual política continuará com Santos e este continuísmo representará aos trabalhadores mais terror, mais dependência, mais miséria, mais deterioração dos salários.

Movimento sindical

Tudo o que o movimento sindical e, como um todo, o movimento popular colombiano pode fazer é continuar fortalecendo as organizações, as ações de apoio internacional, ampliar as denúncias e a luta permanente. Não existe outra forma.

Não podemos esperar com Santos uma nova oxigenação dos movimentos sociais, porque ele foi parte da equipe, e logicamente um dos principais líderes, que criou  toda esta catástrofe humanitária que vivemos hoje no País.

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