Eduardo Sales e José Francisco Neto,
da reportagem do Brasil de Fato (http://www.brasildefato.com.br/)
Fotos: Reprodução/Facebook MPL (http://migre.me/f10pC)
Pessoas desmaiando, gritaria, centenas de homens e mulheres presos e feridos gravemente, inclusive idosos e crianças. Essas foram algumas das marcas deixadas nesta na quinta-feira (13 de junho de 2013) pela Polícia Militar (PM) durante o quarto protesto pacífico pela redução das tarifas do transporte público em São Paulo (SP).
As tarifas subiram de R$ 3,00 para R$ 3,20 no início deste mês. Porém, tanto o prefeito, Fernando Haddad (PT), quanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), deixaram claro que não irão reduzir o valor das passagens. Alckmin, inclusive, chegou a elogiar a ação da PM, e Haddad, que chegou a pronunciar que o ato foi marcado pela violência policial, dias antes tinha dado total apoio para a PM reprimir manifestantes em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
Por volta das 18h30 da noite, cerca de 20 mil manifestantes se concentraram em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, de onde partiram para marchar pelas ruas do centro. Entre eles, vários trabalhadores e estudantes que retornariam para suas casas e se juntaram ao protesto. Tudo ocorria tranquilamente.
Entretanto, após trinta minutos de passeata pacífica, na qual os manifestantes entoavam palavras de ordem como “Ooo, o povo acordou!” e “Vem, vem, vem pra rua vem, contra o aumento”, dezenas de homens da Tropa de Choque da PM perfilaram-se em formação de ataque.
Nesse momento, por volta das 19h, na rua da Consolação, entre a simbólica rua Maria Antônia (em que estudantes das universidades do Mackenzie e da Universidade de São Paulo [USP] entraram em conflito na ditadura civil-militar), e a praça Roosevelt, os policiais militares iniciaram um “massacre” com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral jogadas contra as pessoas. Uma sequência de tiros de balas de borracha foi disparada ferindo dezenas de pessoas, inclusive inúmeros jornalistas, dentre eles, sete da Folha de São Paulo.
Ainda na mesma rua, a polícia atirava indiscriminadamente, ferindo até pessoas que só passavam pela região. Essa senhora da foto acima levou um tiro de bala de borracha no rosto enquanto atravessava a via.
Os manifestantes chegaram a se ajoelhar diante dos policiais para que eles não atirassem. Mas a PM agiu covardemente e disparou centenas de balas de borracha em quem estivesse na frente.
Uma criança, de aproximadamente dez anos, também foi vítima da ação da PM. O menino, com um tiro de bala de borracha na perna, se retorcia de tanta dor, até ser levado para uma farmácia pelos manifestantes.Guilherme Aguiar, de 15 anos, que também participou do protesto, disse ao Brasil de Fato que chegou a desmaiar de tanto inalar a fumaça do gás lacrimogêneo. Acordei com o pessoal me socorrendo, passando mal. Desacordei. Depois vomitei algo branco.
Repressão continua
Se a ação da Polícia Militar, a mando de Geraldo Alckmin, pretendia abafar de vez o movimento naquele momento, não houve sucesso. Uma parte dos manifestantes atirou pedras em defesa legítima contra os PMs, e outra se dividiu em vários grupos pelo centro da cidade, entoando palavras de ordem e de forma pacífica.
Não satisfeita com a repressão, a PM iniciou perseguições a manifestantes com motos e viaturas pelo centro da cidade. A reportagem do Brasil de Fato testemunhou o quase atropelamento de um jovem na avenida Paulista por uma moto policial.
Por sinal, dos grupos que se dividiram, um de cerca de mil pessoas conseguiu chegar à Paulista e protestar em frente à Fiesp. Foram barbaramente reprimidos com bombas de efeito moral. Nesse ínterim, as portas das estações de metrô foram fechadas, e muitas pessoas que queriam sair das estações, foram arbitrariamente impedidas de sair delas.
O próximo protesto está marcado para o dia 17 de junho, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Fotos e vídeos
ACESSE AQUI (site do jornal Brasil de Fato), para ver fotos e vídeos sobre a violenta ação policial sobre a manifestação.
Segundo vereador, PM quebrou
acordo firmado com o movimento
Luka Franca 14/06/2013 (www.uol.com.br)
O vereador Toninho Vespoli (PSOL-SP) afirmou na noite desta quinta-feira (13/6), durante visita ao 78º DP (Distrito Policial) para averiguar a condição em que os manifestantes detidos na ação realizada pela PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) para dispersar o ato contra o aumento das tarifas de transporte, que a polícia violou acordo firmado com o movimento uma hora antes do início da manifestação.
Segundo Vespoli houve reunião entre a organização do ato iniciado no Teatro Municipal e a PM-SP antes do início da manifestação e neste encontro alguns acordos foram feitos com a PM. Um dos acordos era de que a manifestação terminaria na praça Roosevelt.
O parlamentar afirma que estava estabelecido até o momento da entrada da PM para dispersar o ato uma ponte de negociação entre a coordenação do ato e a polícia estava estabelecida e se discutia a possibilidade de liberarem para a manifestação avançar pela rua da Consolação. “Eles [a polícia] têm que assumir a responsabilidade do que eles fizeram”, afirma.
“O pessoal estava negociando com a polícia e o entendimento foi que poderia subir”, afirma o vereador. Segundo o parlamentar ao chegar no local combinado houve uma negociação entre o movimento e o Tenente-Coronel Ben-Hur Junqueira Neto para subir a rua da Consolação.
“O Coronel falou que por ele tudo bem, elogiou a passeata pacífica”, diz Vespoli. Segundo o vereador o tenente-coronel disse que havia um superior acima dele e no entendimento de Vespoli o policial iria conversar com este superior. “Não deu nem 20 segundos que ele [Ben-Hur] saiu da conversa começou [cair] bomba nos manifestantes”, conta.
O vereador também afirma que, neste momento da negociação, o ato estava parado esperando um retorno do que seria feito. Para ele, neste momento, a PM poderia ter falado para a coordenação da manifestação que era para manter o acordo firmado antes do início do ato. “A violência partiu por parte da polícia”, concluiu.
Pela inflação desde 1994 (Plano Real),
passagem de ônibus deveria custar R$ 2,16
A tomar como referência o ano de 1994, início do Plano Real, a inflação acumulada até maio de 2013 é de 332,22%. Por este índice, o valor da passagem de ônibus, em São Paulo, deveria ser de R$ 2,16. No entanto, com este último reajuste, hoje ela é de R$ 3,20. Veja no gráfica abaixo, publicado no portal Terra (www.terra.com.br)