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Unificados participa de debate pelos 25 anos do Cerest/Campinas

 

O Sindicato Químicos Unificados e a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq) participaram na tarde de hoje (16/maio/2012) da programação comemorativa dos 25 anos de existência do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Campinas, que, para marcar a data, programou o Ciclo de Debates Sobre Saúde e Trabalho Contemporâneo: Precarização, Assédio e Contaminação.

 

 

Antônio de Marco Rasteiro, coordenador da Atesq, durante sua palestra sobre o crime ambiental Shell/Basf
Antônio de Marco Rasteiro, coordenador da Atesq, durante sua palestra sobre o crime ambiental Shell/Basf
Projeção de imagem de área da Shell/Basf por Rasteiro, durante sua palestra no CATI pela passagem dos 25 anos do Cerest/Campinas
Projeção de imagem de área da Shell/Basf por Rasteiro, durante sua palestra no CATI pela passagem dos 25 anos do Cerest/Campinas

 

 

Antônio de Marco Rasteiro, ex-trabalhador da Shell e coordenador da Atesq, integrou a mesa que debateu o tema Controle Social e Saúde do Trabalhador. A atividade foi coordenada pelo Dr. Heleno Rodrigues Corrêa Filho, doutor em saúde pública pela USP e livre docente em epidemiologia na FCM/Unicamp.

Rasteiro abordou a contaminação provocada pela Shell/Basf em seus trabalhadores e no meio ambiente, e de como estes se organizaram e estão enfrentando as duas multinacionais que, mesmo condenadas na Justiça, continuam a se omitir no cumprimento da sentença.

Programação

O Ciclo de Debates, que começou no dia 15, se encerrará amanhã (17/maio) com o tema Fórum de Acidentes de Trabalho: Direito à Informação em Saúde do Trabalhador, às 08h30, e às 14 horas com o painel Amianto: Banido, mas Utilizado.

Toda programação é realizada no auditório da Cati/Campinas, na avenida Brasil, 2340, Guanabara.

História

[Download não encontrado.] para ler a história do Cerest/Campinas, publicada no Jornal do Unificados.

ENTREVISTA

Na atual edição o Jornal do Unificados traz entrevista com a Dra. Míriam Pedrollo Silvestre, médica sanitarista e coordenadora da área de saúde do trabalhador do Cerest/Campinas. Leia na íntegra:

A saúde deve ser prioridade

Cerest/Campinas completa 25 anos na defesa da saúde do trabalhador

O dia 15 de maio marca uma importante data para a saúde do trabalhador. Em 2012, o centro de Referencia em Saúde do Trabalhador de Campinas(Cerest/Campinas) completa 25 anos de existência.

Uma iniciativa pioneira, que nasceu da articulação de técnicos de saúde, sindicatos de
trabalhadores, inclusive o Unificados, universidades e órgãos públicos. Hoje o Cerest é um importante instrumento na defesa da saúde dos trabalhadores.

Além do atendimento médico, profissionais do órgão atuam como autoridades sanitárias, com poder para intervir em ambientes de trabalho onde há riscos para a saúde.

 

Dra. Mírian Pedrollo Silvestre, médica do trabalho e coordenadora do Cerest-Campinas.
Dra. Mírian Pedrollo Silvestre, médica do trabalho e coordenadora do Cerest-Campinas.

 

 

Nesta edição, o Jornal do Unificados traz uma entrevista com a Dra. Mírian Pedrollo Silvestre, médica do trabalho e coordenadora do Cerest-Campinas.

“Acidentes e doenças do trabalho
são problemas de saúde pública”

Jornal do Unificados: Esse mês o Cerest/Campinas completa 25 anos. Qual a importância do Cerest para a saúde do trabalhador?

Dra. Mírian: O que estamos comemorando na verdade são 25 anos de saúde do trabalhador em Campinas, mais especificamente, saúde do trabalhador dentro do serviço público de saúde.

Inicialmente, o que havia era o Ambulatório de Saúde do Trabalhador, inaugurado em 20/02/1987. Esse ambulatório evoluiu para a concepção de um Programa de Saúde do Trabalhador, mais tarde passando a Centro de Referência e só então se constituindo como Cerest.

Essa evolução institucional, mais do que as mudanças de nome e status, representa o esforço nascido da articulação entre trabalhadores e técnicos da saúde que entendem que os acidentes e doenças relacionados ao trabalho constituem problema de saúde pública, uma vez que são frequentes, causam incapacidades para muitas pessoas e são todos passíveis de prevenção.

Jornal do Unificados: Quais as principais atribuições do Cerest Campinas?

Dra. Mírian: A missão do Cerest/Campinas é promover atenção à saúde dos trabalhadores de Campinas e região, desenvolver ações de assistência individual e em grupo para trabalhadores que foram acometidos por agravos de saúde relacionados às condições de trabalho, bem como promover ações de prevenção através de vigilância dos ambientes de trabalho.

Também atua na área de educação em saúde, promovendo discussões, palestras, cursos tanto para trabalhadores quanto para profissionais de saúde e para a população em geral, disseminando a cultura da prevenção em relação aos agravos de saúde do trabalhador.

Jornal do Unificados: Quais foram as principais conquistas do Cerest/Campinas nesses 25 anos?

Dra. Mírian: Foram muitas. A primeira, que tem a ver com a origem da saúde do trabalhador em Campinas, foi o pioneirismo da participação dos trabalhadores na gestão do serviço e na definição de diretrizes da política de saúde do trabalhador para o município.

Outra conquista importante tem sido a integração da saúde do trabalhador com a rede de serviços de saúde de Campinas. Quando iniciamos os trabalhos, em 1987, os profissionais de saúde em geral não tinham notícias sobre os impactos que o trabalho pode causar na saúde da população.

Hoje em Campinas, apesar de haver ainda muitas dificuldades, temos uma rede de serviços que atende acidentados do trabalho e sabe como encaminhá-los para que não percam direitos previdenciários e trabalhistas. As lesões por esforços repetitivos (LER/DORT), que são muito frequentes entre trabalhadores das mais diversas categorias profissionais, são diagnosticadas e reconhecidas por boa parte dos profissionais. Isso para citar apenas dois exemplos.

Outra conquista importante tem sido a consolidação da saúde do trabalhador como área que integra o Sistema de Vigilância em Saúde do município. Ou seja, os profissionais do Cerest atuam como autoridades sanitárias, com poder para intervir em ambientes de trabalho onde há riscos para a saúde.

Jornal do Unificados: O Cerest/Campinas foi um órgão pioneiro, porém, nos últimos anos passou por uma grave crise. Como estão as condições de funcionamento do órgão hoje?

Dra. Mírian:
A crise pela qual o Cerest/Campinas passou nos últimos anos, e que ainda não foi superada, tem muitas raízes. Uma delas tem a ver com o panorama geral do Sistema Único de Saúde (SUS) em Campinas, que vem passando por sucateamento e desmonte ao longo dos últimos anos. Outro ponto importante foi o afastamento relativo do controle social.

Se no início havia a presença combativa de sindicatos e associações, reivindicando junto às instituições e garantindo que as mesmas mantivessem as ações de saúde do trabalhador dentro da pauta de prioridades, nos últimos anos essa presença vem diminuindo e tornando-se menos efetiva, o que na prática contribuiu para que a saúde do trabalhador fosse deixando de ser priorizada dentro do SUS Campinas.

Com a crise que culminou na metade de 2011, tivemos uma forte reação dos sindicatos, associações de trabalhadores, conselho municipal de saúde e, com isso, a saúde do trabalhador voltou à pauta da Secretaria Municipal de Saúde. Conseguimos rearticular a equipe técnica, temos conseguido rediscutir rumos e projetos e com isso o risco de extinção, sentido pela equipe técnica no ano passado, foi superado.

Jornal do Unificados: Quais os principais desafios do Cerest/Campinas para os próximos anos?

Dra. Mírian: São muitos. O primeiro e mais amplo em minha opinião é o de sensibilizar a população em geral para o fato de que o trabalho produz doença e morte. As pessoas em geral, e mesmo boa parte dos trabalhadores, não refletem sobre o fato de que o modelo de desenvolvimento atual não considera, ou considera muito pouco, a questão da saúde do trabalhador.

No senso comum, parece que acidentar-se no trabalho ou adquirir uma doença por más condições de trabalho é algo “natural”, como se não houvesse possibilidade de produzirmos bens e riquezas sem que uma parcela daqueles que produzem paguem o preço com a própria saúde. Penso que só teremos ambientes realmente saudáveis no dia em que tivermos uma sociedade que reconheça que os ambientes podem e devem ser saudáveis, que devemos gastar dinheiro com isso também.

Jornal do Unificados: Você acredita que hoje a saúde do trabalhador recebe a devida atenção de governos e empresas?

Dra. Mírian: Não. Penso que os governos e empresas têm tratado a questão da saúde do trabalhador como algo a ser gerenciado, mas não priorizado e resolvido.

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