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VEJA VÍDEO E FOTOS: Atos pelo Dia Internacional da Mulher, em Campinas e São Paulo

Pela passagem do Dia Internacional da Mulher, a Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados participou de ato na cidade, na manhã de sábado (dia 07), que teve início na Estação Cultura seguido de caminhada pelas ruas centrais. A Regional Osasco participou da manifestação em São Paulo, no domingo (dia 08), que se iniciou na avenida Paulista, seguida de uma passeata pelo centro da capital.

 

Rosângela Paranhos, dirigente do Sindicato Químicos Unificados, no ato em Campinas
Rosângela Paranhos, dirigente do Sindicato Químicos Unificados, no ato em Campinas

 

ACESSE AQUI – ou na imagem acima – para assistir o vídeo.

De ONG feminista para Cunha:
‘Cadáveres temos aos milhares’

Para a organização Católicas pelo Direito de Decidir, o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, tratou como “chiste, gracejo” um assunto que envolve a morte de milhares de mulheres por ano, vítimas da falta de atendimento do sistema de saúde pública.
A afirmação feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que o debate sobre o aborto não faz parte da agenda da Casa e que o tema só irá a votação por cima do seu cadáver, provocou reações entre grupos de movimentos feministas.
A organização Católicas pelo Direitos de Decidir, que defende o debate sobre direitos reprodutivos e a legalização do aborto, publicou nota na qual afirma que “as mulheres merecem ter seus direitos respeitados e para isso é necessário que suas demandas estejam na pauta do Legislativo”.
A nota também afirma que o presidente da Câmara deveria procurar compreender os diferentes interesses da sociedade, em vez de ser apenas o porta-voz dele mesmo. “O que ele trata como chiste, para nós do movimento de mulheres é uma questão muito séria”, diz o texto. “Gostaríamos que o digníssimo parlamentar soubesse que não queremos mais cadáveres.”
Protesto contra o deputado federal Eduardo Cunha

Como parte do ato que marcou o Dia Internacional da Mulher, Sara Winter, ativista do movimento feminista Bastardxs, faz protesto a favor do aborto, na avenida Paulista, em São Paulo, na manhã de domingo (8), com tinta vermelha no corpo simbolizando sangue e hemorragia. Um homem caracterizado como o deputado federal Eduardo Cunha, presidente da Câmara, simulava chutes e agressões físicas e verbais a Sara. – Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press
MEDICINA POLICIALESCA

Drauzio Varella, na Folha de São Paulo (07/03/15)

Passei da idade de me surpreender com a estupidez humana. Ainda assim, fiquei revoltado com a atitude do médico que entregou à polícia a menina que tomou Cytotec para abortar.
Em nome de que princípios um profissional recebe uma menina de 19 anos, fragilizada pelas complicações de um abortamento provocado sem assistência médica, ouve sua história, calça as luvas, toca seu útero e os anexos, adota a conduta que lhe parece mais adequada, sai da sala e chama a polícia para prender em flagrante a paciente que lhe
confiou a intimidade?
Existe covardia mais torpe?
A função primordial da medicina é aliviar o sofrimento humano. Independentemente das contradições jurídicas criadas por uma legislação medieval, machista e desumana como a brasileira, entregar a menina à polícia contribuiu para tornar-lhe o sofrimento mais suportável?
A questão do aborto ilustra como nenhuma outra a hipocrisia moralista imposta às mulheres pobres, pelos que se intitulam defensores da vida e atribuem a si próprios o papel de guardiões dos bons costumes e porta-vozes oficiais da vontade de Deus.
A realidade é cristalina: o aborto é livre no Brasil, basta ter dinheiro para pagar por ele.
Não faltam clínicas particulares e hospitais com médicos experientes que realizem abortamentos em boas condições técnicas, desde que bem remunerados.
Muitos ginecologistas que se negam a praticá-los em suas pacientes indicam esses colegas, não raro criticados pelos mesmos que fizeram o encaminhamento.
Dias atrás, Cláudia Colucci, colunista desta Folha, lembrou a pesquisa realizada pela Unicamp em conjunto com a Associação dos Magistrados Brasileiros mostrando que 20% dos 1.148 juízes entrevistados tiveram parceiras que ficaram grávidas sem desejá-lo: 79,2% abortaram.
Das 345 juízas que participaram, 15% já haviam tido gestações indesejadas: 74% fizeram aborto.
A colunista citou estudo semelhante conduzido pela Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) entre ginecologistas e obstetras: diante de gestações indesejadas, cerca de 80% de suas mulheres recorreram à prática.
Entre as médicas ginecologistas a situação é semelhante: 77% interromperam sua gravidez indesejada.
Por outro lado, 60% dos profissionais ouvidos confessaram que não ajudariam uma paciente, encaminhando-a a outro médico ou indicando medicamento abortivo.
Na Penitenciária Feminina da Capital, são muitas as meninas que abortaram em espeluncas mantidas, na periferia, por mulheres que vendem Cytotec e realizam procedimentos cirúrgicos semelhantes às torturas dos tempos da Inquisição.
Mas, quando essas mulheres vão parar na cadeia, são encaminhadas para a ala do seguro.
As mesmas que a elas recorrem nos momentos de aflição recusam-se a cumprir pena ao seu lado. Dizem que “elas matam criancinhas”.
Estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro revelou que, em 2013, o SUS internou 154.391 mulheres com complicações de abortamentos. Como a estimativa é de que aconteça uma complicação para cada quatro ou cinco casos, o cálculo é de que tenham ocorrido de 685 mil a 856 mil abortos clandestinos no país.
Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Brasília mostra que 20% das 37 milhões de brasileiras com mais de 40 anos já fizeram aborto. Esses números servem de referência para a Organização Mundial da Saúde.
Feitos nas piores condições, complicações em abortos são a quinta causa de morte materna, no país.
A questão não pode ser mais tratada da forma bizarra e irresponsável como tem sido.
Não se trata de ser a favor ou contra. Todos somos contrários, especialmente as mulheres grávidas que a ele recorrem como última saída.
O problema do aborto não é moral, é questão de saúde pública. Se 20% das brasileiras com mais de 40 anos já abortaram na clandestinidade, deveríamos puni-las com o rigor das leis atuais? Haveria cadeia para mais de 7 milhões?
Deixemos de hipocrisia. Nossa legislação só não muda porque as mulheres de melhor poder aquisitivo abortam em condições relativamente seguras. As mais pobres é que
correm risco de morte e sentem na pele os rigores da lei.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/210824-medicina-policialesca…

A histórica luta contra a discriminação

Nas estatísticas, os números são frios. Mas, cada número representa uma pessoa, uma mulher, uma vida que é única, com seus anseios, desejos, sofrimentos, sentimento, sensibilidade e direitos. Direitos que, basicamente, não são considerados e respeitados.

No entanto, uma história de lutas das companheiras, com a participação de companheiros verdadeiros e conscientes, ao longo dos anos vai transformando esta trágica realidade.

Muito já se avançou. Mas, muito ainda há para se conquistar e avançar. Assim, é preciso continuar a escrever esta história, por companheiras e companheiros, até que as estatísticas abaixo não mais existam.

Os números

* O salário dos homens é 30% maior do que o das mulheres no Brasil.

* A cada dois minutos, cinco mulheres são violentamente agredidas, no país. E em mais de 70% dos casos o agressor é o namorado, companheiro ou marido.

* No Brasil a maior causa de morte e invalidez de mulheres entre 16 a 44 anos é a violência doméstica. E a cada dia dez mulheres morrem vítimas desta violência.

* No mercado de trabalho, um a cada cinco dias de falta é causado pela violência doméstica, e a cada cinco anos as mulheres perdem um ano de vida saudável.

* O Brasil ocupa a 7ª posição no mundo em assassinato de mulheres.

* Em Campinas, são cerca de 600 casos por mês de violência contra as mulheres.

A história

A história registra o ano de 1857 como o início das lutas das companheiras por direitos. E esta luta, naquele longínquo ano, foi por redução da jornada e melhores condições de trabalho. Eram até 14 horas diárias, seis dias por semana. Passados 158 anos, hoje, as companheiras ainda enfrentam discriminações salariais e de gênero no local de trabalho. E ainda continuam sobrecarregadas com dupla e até tripla jornada, no mínimo: no trabalho fora de casa, no trabalho doméstico e no cuidar da educação dos filhos.

E, por incrível que pareça, ainda hoje há supostos, e falsos, companheiros que as exploram em casa, não participam, exigem, discriminam e, por cima, ainda as agridem se contrariados ou não “obedecidos”.

Sem esquecer de que, muitas vezes, embora vítimas, as mulheres levam a culpa por terem sido estupradas e mortas. E estupros podem ocorrer até mesmo dentro de casa, tento como agressor o próprio marido ou companheiro.

As lutas de hoje e as reivindicações

Hoje, as companheiras, de uma forma geral, reivindicam:

* A liberdade de tomar decisões sobre seu próprio corpo.

* Saúde integral e com qualidade, objetivamente para mulheres.

* Legalização do aborto e sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS).

* Políticas públicas no sentido de que as mulheres possam, com segurança, tomar decisões sobre seu corpo.

* Salários iguais para funções iguais aos homens, sem priorização de gênero para terceirização (aliás, sem qualquer terceirização para ninguém), precarização e redução de direitos.

* Licença maternidade mínima de 180 dias.

* Creches públicas, com horário integral.

* Todos os direitos e garantias legais para as milhões de trabalhadoras domésticas Brasil.

* Contra a mercantilização do corpo e do turismo sexual.

E esta lista pode ser estendida de acordo com as características regionais do país. E do mundo, posto que as mulheres, em diversos países, ainda são consideradas seres inferiores, “coisa”, que existem (ou nem existem, são invisíveis) tão somente para servir as necessidades dos homens e de obedecê-los passivamente.

Luta de classes

A luta pela libertação da mulher nasceu junto com a busca da transformação de toda a sociedade pelos trabalhadores, no fim do século XIX e começo do século XX. Em diversos países que iniciavam a industrialização, as mulheres e crianças eram a maioria nas fábricas, em longas jornadas e péssimas condições de trabalho. Greves e manifestações fervilhavam nas cidades norte-americanas e na Europa.

Não há consenso da razão da escolha de 8 de março. A versão mais divulgada é a de que nessa data, em 1857, 129 tecelãs teriam sido queimadas vivas pelos patrões que as teriam trancado em uma fábrica durante um incêndio, em Nova Iorque. Mas, estudiosos como Naumi Vasconcelos, professora da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmam que esse fato não aconteceu.

Clara Zetkin (1857-1933), dirigente do Partido Comunista Alemão

Em 1914, Clara Zetkin (1857/1933 – foto acima), dirigente do Partido Comunista Alemão, propôs que 8 de março marcasse a luta contra a dominação das mulheres pelos homens, numa perspectiva socialista. A data não remetia a nenhum acontecimento especial.

Depois de três anos, em 23 de fevereiro do calendário russo, que então correspondia a 8 de março no ocidente, uma greve espontânea das costureiras de Petrogrado foi o estopim da onda de revoltas que culminou na Revolução Russa. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Fonte: NPC – Núcleo Piratininga de Comunicação, em O Dia da Mulher Nasceu das Mulheres Socialistas, de Vito Giannotti.

As mulheres faziam parte da “classe perigosa”

Resumo sobre estudo deEva Alterman Blay – Graduação em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1959), mestrado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1969) e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1973)

Nos anos 1800 e 1900, nos países que se industrializavam, o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crianças, em jornadas de 12, 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e frequentemente incluindo as manhãs de domingo. Os salários eram de fome, havia terríveis condições nos locais da produção e os patrões tratavam as reivindicações dos trabalhadores como uma afronta.

Operárias e operários eram considerados como as “classes perigosas”. Sucediam-se as manifestações de trabalhadores, por melhores salários, pela redução das jornadas e pela proibição do trabalho infantil.

Para desmobilizar o apelo das organizações e controlar a permanência dos trabalhadores/as, muitas fábricas trancavam as portas dos estabelecimentos durante o expediente, cobriam os relógios e controlavam a ida aos banheiros. Mas as difíceis condições de vida e os baixíssimos salários eram forte incentivos para a presença de operárias e operárias nas manifestações, em locais fechados ou na rua.

Uma das fábricas, a Triangle Shirtwaist Company (Companhia de Blusas Triângulo), para se contrapor à organização da categoria, criou um sindicato interno para seus trabalhadores/as. Em outra fábrica, algumas trabalhadoras que reclamavam contra as condições de trabalho e salário foram demitidas.

O incêndio na Triangle

Imagens do incêndio na Triagle, em março de 1911, em Nova York. Trabalhadoras em luta nas ruas (abaixo à esq.)

O dia 25 de março de 1911 era um sábado, e às 5 horas da tarde, quando todos trabalhavam, irrompeu um grande incêndio na Triangle Shirtwaist Company, que se localizava na esquina da Rua Greene com a Washington Place, em Nova York. A Triangle ocupava os três últimos de um prédio de dez andares. Acima, imagens do incêndio e das mulheres em protestos nas ruas contra as más condições de trabalho.

O chão e as divisórias eram de madeira, havia grande quantidade de tecidos e retalhos, e a instalação elétrica era precária. Na hora do incêndio, algumas portas da fábrica estavam fechadas. Tudo contribuía para que o fogo se propagasse rapidamente.

A Triangle empregava 600 trabalhadores e trabalhadoras, a maioria mulheres imigrantes judias e italianas, jovens de 13 a 23 anos. Fugindo do fogo, parte das trabalhadoras conseguiu alcançar as escadas e desceu para a rua ou subiu para o telhado. Outras desceram pelo elevador. Mas a fumaça e o fogo se expandiram e trabalhadores/as pularam pelas janelas, para a morte. Outras morreram nas próprias máquinas.

Morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens.

No século XX, as mulheres trabalhadoras continuaram a se manifestar em várias partes do mundo: Nova Iorque, Berlim, Viena (1911); São Petersburgo (1913). Causas e datas variavam.

O 8 de Março no Brasil

No Brasil e na América Latina faz-se a associação entre o Dia Internacional da Mulher e o incêndio na Triangle quando, na verdade, Clara Zetkin o tinha proposto em 1910 – portanto, um ano antes -, no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas.

É muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da luta das mulheres. Mas, o processo de instituição de um Dia Internacional da Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e européias há algum tempo.

Em 1901, as operárias, que juntamente com as crianças constituíam 72,74% da mão-de-obra do setor têxtil, denunciavam que ganhavam muito menos do que os homens e faziam a mesma tarefa, trabalhavam de 12 a 14 horas na fábrica e muitas ainda trabalhavam como costureiras, em casa. A jornada era por volta de 14 horas e as operárias eram consideradas incapazes física e intelectualmente.

Por medo de serem despedidas, elas submetiam-se também à exploração sexual.

Defenda-se das agressões – Lei “Maria da Penha”

A lei “Maria da Penha” foi sancionada em 7 de Agosto de 2006 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher. A lei entrou em vigor no dia 21 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa.

O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia, que foi agredida pelo marido durante seis anos. Em 1983, por duas vezes ele tentou assassiná-la. Na primeira com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda por eletrocussão e afogamento. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado.

A lei altera o Código Penal brasileiro e possibilita que agressores sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. Os agressores não poderão mais ser punidos com penas alternativas. A Lei Maria da Penha aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um para três anos. E prevê ainda medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida e filhos.

Hoje Recebi Flores

SIGA ESTE ENDEREÇO – ou pela imagem acima – para assistir o vídeo Hoje Recebi Flores, que trata da violência contra a mulher e incentiva a que as companheiras não aceitem isso e se defendam.

O vídeo é resultado de projeto feito pelos alunos do segundo semestre de Direito da Faculdade Santa Lúcia no ano de 2011. Os alunos Thalyson dos Santos, Mariana Bueno, Richele Fukumoto, Eduardo Ávila, João Paulo Tarossi, Bianca Blefari, Ewerton Martins, Luciana Mostardinha, Thales Moletta e Maycon foram orientados pela Dr. Judite de Oliveira, delegada em Mogi Guaçu e professora de Direito Penal.

Música do video: “The Scientist” por Coldplay

Aceite a rosa, mas vá à luta!

Sou mulher e sou de luta,
em casa e no trabalho.

Desprezo homenagens
obrigações de calendário.

Direitos e respeito,
na luta arrancarei.

Em casa e no trabalho,
sem a ternura perder,
sou mulher e sou guerreira!

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