News details

Read the full story here

O capitalismo e a dengue no Rio

O Dr. Antonio Sérgio Almeida Fonseca (foto), médico infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no momento assessor da Vice-presidência de Serviços de Referência e Ambiente da Fiocruz, em entrevista ao Jornal do Unificados, disse acreditar que Cuba alcança resultados positivos no combate à dengue graças às políticas sociais praticadas no sistema socialista vigente na ilha, o que não ocorre sob o capitalismo.

Recentemente, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse que pretende pedir ajuda a Cuba para enfrentar a atual epidemia de dengue que se alastra sobre o seu estado.

Os responsáveis

Para o Dr. Antonio Sérgio, a especulação imobiliária; uma parcela de culpa dos poderes federal, estadual e municipal e a falta de ação concreta são também fatores responsáveis pela epidemia de dengue. Para ele, os recursos financeiros parecem suficientes, mas faz a ressalva: “se bem aplicados”.

Leia a entrevista que o Dr. Antonio Sérgio Almeida Fonseca deu ao jornal do Unificados.

A ENTREVISTA

Quadro anunciado

Jornal do Unificados – Como chegamos a este quadro? Foi imprevisível ou era uma epidemia anunciada?

Dr. Antonio Sérgio – Era um quadro anunciado, pois tínhamos uma quantidade grande do mosquito transmissor e cuidamos pouco de eliminar os pontos aonde os mosquitos depositam seus ovos e se reproduzem. Faltou um trabalho contínuo, sem interrupções, com a participação do poder público, privado e da comunidade.

Jornal do Unificados – É possível estabelecer linha direta de responsabilidade para o prefeito, o governador e o presidente da República?

Dr. Antonio Sérgio – Cada um tem sua parcela de culpa, mas estas ações de combate são na sua maioria de responsabilidade da prefeitura. Os prefeitos são os responsáveis por implementar as atividades de vigilância, de controle dos focos, de colocarem as equipes de agentes comunitários atuando na comunidade, bem como de organizar o atendimento das equipes do programa de saúde da família e das emergências, além de toda a rede municipal de saúde para prestar o atendimento da forma mais adequada.
As esferas estaduais e federais também têm sua parcela de culpa, pois são os responsáveis por acompanhar, apoiar e intervir quando as ações da prefeitura não estão funcionando bem, além de manter o repasse de recursos necessários.  

Jornal do Unificados – Faltaram políticas públicas, verbas, projetos, implementação efetiva de projetos? Ou houve, também, displicência e descaso com a saúde pública?

Dr. Antonio Sérgio – Penso que mais do que as políticas, o que faltou foi ação. Existe toda uma política estabelecida que define os papéis de cada um no comando do sistema de saúde, como falei na pergunta anterior. Da mesma forma o quantitativo de recursos repassados parece ser suficiente, se for bem aplicado. Quando digo que falta ação significa a ausência de uma postura mais contínua, atuando diretamente nas comunidades com parcerias locais de todos os setores da sociedade. Acredito que a Estratégia de Saúde da Família, que atua com equipes dentro das comunidades, tendo a participação fundamental dos agentes de saúde, que são moradores do local, seja o melhor espaço para acontecer este trabalho.

Jornal do Unificados – Cuba realmente superou a questão combate à dengue? Ao mosquito ou à doença? É referência para o Brasil e outros países capitalistas?
Cuba realmente pode ser citada como um bom exemplo de uma boa forma de ação no controle da dengue?

Dr. Antonio Sérgio – Em 1981, os cubanos foram vítimas de uma epidemia de dengue com muitos casos graves, por um tipo de vírus que ainda não tinha circulado nesta região. Mas com ações de controle do mosquito e um esquema de quarentena rigoroso para cubanos que fossem sair do país, impediu que esta epidemia atingisse outros países. Em 1996 tiveram uma outra epidemia em Santiago de Cuba, mas medidas enérgicas de controle da população de mosquitos com participação comunitária importante junto com as autoridades sanitárias locais fizeram com que a epidemia ficasse restrita ao município de Santiago, impedindo a nacionalização da epidemia.

Jornal do Unificados – A questão ideológica (mercado X social) influi em possível diferencial na questão dengue entre Cuba e o Brasil?

Dr. Antonio Sérgio – Acredito que sim, pois no Brasil grande parte da população não tem acesso ao saneamento básico nem a um abastecimento regular de água, o que faz com que a população tenha reservatórios inadequados de água, aonde podem crescer os mosquitos. Por outro lado, a especulação imobiliária faz com que muitos imóveis encontrem-se fechados, com pouco controle de criadouros de mosquitos. A ação isolada do poder público que não consegue mobilizar a população para identificação e extermínio dos focos também contribui.

TESTE

Desenvolvido por

© 2016 Químicos Unificados

[instagram-feed]
Químicos Unificados

Veja todos

Fale conosco