Objetivo é que equipamentos garantam pagamento de direitos trabalhistas. Há projeto de retomar a produção e administrar a fábrica, localizada em Campinas
Em assembléia realizada na manhã de hoje (18/02/2008), os trabalhadores da Ceralit S.A. Indústria e Comércio ratificaram, por unanimidade, a decisão tomada anteriormente de ocupar a fábrica, 24 horas por dia e por tempo indeterminado, com o objetivo de impedir a retirada de máquinas e equipamentos para que, por meio deles, esteja garantido o pagamento dos créditos trabalhistas a que têm direito. A decisão inicial de ocupação da empresa fora tomada na sexta-feira anterior, também por unanimidade, quando os trabalhadores receberam a informação de que um grupo havia desistido de uma possível compra da Ceralit e que o pagamento dos salários e de demais direitos trabalhistas deixaram de estar garantidos.
Atualmente, a fábrica está sem energia elétrica, água e telefone em razão da falta de pagamento de contas.
Solidariedade de classe
Em solidariedade aos trabalhadores da Ceralit, representantes de sindicatos, de centrais sindicais e de movimentos sociais e populares estiveram presentes na assembléia realizada na manhã de hoje em frente à portaria da empresa. Houve o comprometimento de apoio político e demais recursos necessários para que a ocupação da Ceralit atinja os objetivos.
Em 2007, trabalhadores garantem a produção
Por atrasos e falta de pagamentos e de demais direitos trabalhistas, pelo não recolhimento de encargos ao INSS e de repasse ao FGTS de valores descontados dos trabalhadores, pelo não cumprimento de inúmeros itens da convenção coletiva da categoria, por péssimas condições de trabalho, por não quitar as homologações dos demitidos, e pelo não cumprimento de acordos feitos na Justiça do Trabalho, entre outros, a relação da Ceralit com seus trabalhadores se arrasta tumultuada há anos.
Em maio último, em contato direto com fornecedores e compradores, os próprios trabalhadores fecharam acordos para recebimento de matéria prima e entrega de produção. Desta forma, sem participação patronal, garantiram seus salários e o necessário para o funcionamento da empresa.
Vence o contrato e dívida impede venda
No dia 22 de dezembro último venceu o contrato com um fornecedor principal. Sem a matéria prima a produção parou, ficou impossível garantir os salários e houve o corte dos serviços prestados pelas concessionárias de água, luz e telefone. Este fornecedor garantia a entrega da matéria prima, pois estava interessado em comprar a Ceralit.
No entanto, no dia 22, ele comunicou aos trabalhadores que a dívida de R$ 160 milhões supera o patrimônio da empresa, o que o levou a se desinteressar pela compra.
Trabalhadores querem fazer a Ceralit funcionar
Com a ocupação da fábrica, além de impedir uma tentativa patronal de retirar as máquinas e equipamentos, os trabalhadores pretendem fazer com que a ela volte a produzir. Para isso, nos próximos dias manterão contatos com diversos fornecedores de matéria prima e com empresas que consomem o que a Ceralit produz, que são insumos para indústrias de tintas, lubrificantes, borrachas, plásticos, materiais de limpeza, cosméticos e alimentos. Nos próximos dias será realizada uma consulta jurídica neste sentido.
Arresto de bens
O Sindicato Químicos Unificados participa desta ação dos aproximadamente 200 trabalhadores da Ceralit S.A. e seus advogados movem na Justiça uma ação cautelar de arresto patrimonial (decisão judicial que garante a indisponibilidade de bens) para que as máquinas e equipamentos da empresa permaneçam intocados e que possam eventualmente vir a ser utilizados (venda ou leilão) na quitação de direitos trabalhistas.
Mais informações
A Ceralit S.A. Indústria e Comércio está localizada na rodovia Anhangüera, km 103 (na pista São Paulo/interior), bairro Aparecidinha, em Campinas/SP. No sindicato, procurar pelo dirigente sindical Valdir de Souza pelo telefone (19) 7850.1930.