Assembléia na madrugada de hoje
“A paciência acabou”, é o recado dos trabalhadores para a Samkwang
Exploração, repressão e agressão à dignidade são rotina na empresa. Cipeiro com estabilidade foi demitido.
As inúmeras tentativas dos (as) trabalhadores (as) da Samkwang, em Campinas, e do sindicato em tentar resolver por meio da negociação as inúmeras irregularidades, o opressor sistema de controle e o reduzir as desumanas metas de produção impostas tiveram fim na madrugada de hoje quando, em assembléia e por unanimidade, o conjunto de trabalhadores deu o recado para a multinacional: “A paciência acabou. Daqui para frente, a radicalidade, a intransigência e o desrespeito patronal serão respondidos com greve!”
Demissão “armada” gera revolta
A demissão, arbitrária e armada, do trabalhador Clóvis Vilela Filho, eleito em outubro último pelas companheiras e companheiros para a vice-presidência da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e que tem estabilidade garantida por lei para exercer seu mandato, foi a gota d’água para os trabalhadores e a revolta gerada motivou a realização da assembléia na madrugada de hoje (01/02/08) na portaria da empresa.
Clóvis foi demitido em uma armação da empresa que, inclusive, contou com a saída de uma trabalhadora plantada em sua seção, por duas horas e no meio do expediente, sem nada comunicar a ninguém, para registrar um boletim de ocorrência por assédio e injúria.
Com base neste boletim a empresa demitiu Clóvis por suposta “justa causa”.
Política atrasada de RH denuncia
Em uma empresa com uma política de recursos humanos tão atrasada e com base na mais grosseira repressão, onde as trabalhadores são impedidas até mesmo de falar uma com a outra durante a produção, ninguém consegue acreditar que uma trabalhadora possa ter abandonado suas funções, sair da empresa por duas horas para fazer o boletim de ocorrências e depois retornar e entrar pelos portões. Para isso ter ocorrido, defendem os trabalhadores, o fato foi armado pela própria Samkwang.
Fiscalização da DRT aponta 31 irregularidades
As inúmeras irregularidades trabalhistas e das condições de trabalho, que inclusive colocam em risco a saúde e a integridade física dos trabalhadores, são objeto de tentativa de solução por meio da negociação entre trabalhadores, sindicato e a empresa. No entanto, a empresa sempre se manteve em seu propósito de não promover as regularizações para, com isso, manter altos os lucros.
Por falta de outro caminho, o sindicato solicitou à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) de Campinas que fizesse uma fiscalização na Samkwang. A fiscalização foi feita e a multinacional foi autuada por 31 irregularidades. Ela foi também intimada pela DRT a promover a regularização em determinado tempo, mas não cumpriu os prazos.
Outras denúncias dos trabalhadores
Conforme constantes denúncias, na Samkwang os trabalhadores não podem conversar entre si no interior da fábrica; quando precisam de algo devem erguer a mão e aguardar autorização da chefia para que possam falar; as mulheres sofrem agressivo assédio moral com ameaças para que não engravidem; a imensa maioria e registrada sempre como “auxiliar de…” mas realiza a função plena; os salários são baixíssimos, sempre próximos ao piso da categoria; faltam equipamentos de proteção individual; o tratamento da chefia e grosseiro e com constantes agressões verbais; exigência da realização constante de horas extras; etc.
A empresa
A Samkwang Brasil Indústria e Comércio de Artefatos para Celulares é uma empresa de capital sul-coreano e produz componentes de celulares para a Samsung do Brasil. Ela está instalada em Campinas e tem cerca de 600 trabalhadores, majoritariamente mulheres.