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Mundo exige fim do genocídio israelense contra palestinos

Na imagem acima, tanque de
Israel volta seu canhão contra
criança palestina,
que o enfrenta com uma pedra.

Por Roberto Parizoti
Do jornal Brasil de Fato

Milhares de pessoas tomaram as ruas das principais cidades do planeta para exigir o fim imediato do genocídio praticado por Israel contra o povo palestino. De acordo com a organização Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), até 21 de julho o número de palestinos mortos pelos bombardeios de aviões e tanques israelenses ultrapassava 550, com mais de 3.500 feridos, sendo parte expressiva de idosos, mulheres e crianças.

Ato em São Paulo contra genocídio de Israel sobre o povo palestino
Ato em São Paulo contra genocídio de Israel sobre o povo palestino
Em repúdio à carnificina, as grandes avenidas da Alemanha, Argélia, Colômbia, Egito, França, Grécia, Indonésia, Irlanda, Estados Unidos e Turquia, entre outras dezenas de países, foram tomadas por multidões vestindo o vermelho, verde, preto e branco da bandeira palestina.

“As manifestações estão crescendo em resposta aos contínuos massacres israelenses. São marchas que exigem não somente o fim da agressão militar e da ocupação, mas cobram de seus próprios governos que tomem medidas para obrigar Israel a cumprir a lei internacional”, declarou Maren Mantovani, da coordenação do BDS.

Em Jacarta, na Indonésia, menino participa de ato em solidariedade aos palestinos
Em Jacarta, na Indonésia, menino participa de ato em solidariedade aos palestinos
Uma demonstração a mais do isolamento da política de terrorismo de Estado de Israel, frisou Maren, é que no sábado, “98 personalidades, incluindo seis prêmios Nobel, ativistas como Noam Chomsky e Roger Waters, um ex-juiz da Corte Internacional de Justiça e os brasileiros Frei Betto e João Felício, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), pediram um embargo militar imediato e vinculante”.

Da Rede Globo ao consulado

Na capital paulista os manifestantes se concentraram em frente ao prédio da Rede Globo – emissora acusada de ser cúmplice do genocídio ao acobertar os crimes sionistas –, de onde saíram em passeata até a frente do consulado de Israel com faixas, bandeiras e cartazes contrários à matança.

Para o presidente da CSI, João Felício, “a imprensa brasileira precisa parar de mentir, pois o que acontece na Palestina não é uma guerra, mas um massacre, o assassinato de um povo por parte do governo israelense”.

Da mesma forma que o regime de se­gregação racial foi derrotado na África do Sul com o cerco aos produtos do apartheid, defendeu Felício, “é preciso organizar um amplo boicote aos produtos sionistas para isolar Israel, inclusive cortando relações diplomáticas, como já estão fazendo vários governos”.

Ato em São Paulo, em 21 de junho, contra agressões de Israel à Palestina
Ato em São Paulo, em 21 de junho, contra agressões de Israel à Palestina
“Vamos fazer uma lista de produtos de capital israelense para que não sejam consumidos. Mais do que uma denúncia, esta será uma ação concreta, solidária. Chegou a hora de derrubarmos todos os muros que separam os povos, seja o que separa a Palestina de Israel ou o México dos EUA. Precisamos de relações harmoniosas e solidárias”, asseverou o presi­dente da CSI.

Fora invasores

“Estamos aqui para exigir o fim dos bombardeios e a imediata retirada das tropas de ocupação de Gaza”, afirmou Júlio Turra, da executiva nacional da CUT, recordando que “desde 1948 o povo palestino luta pela sua sobrevivência e pela construção de seu Estado nacional, um direito que é negado pelo imperialismo, que protege o sionismo assassino”.

“A agressão atual não é um fato isolado, mas um capítulo da limpeza étnica iniciada há 66 anos, quando da criação do Estado de Israel em terras palestinas”, destacou.

A faixa de Gaza é atualmente a área mais densamente povoada do mundo, com 1,5 milhão de habitantes confinados em apenas 360 quilômetros quadrados, submetidos a um bloqueio assassino que a converte em um gigantesco campo de concentração a céu aberto.

Da mesma forma que em Gaza, a população civil na Cisjordânia também sofre com a política de “punição coletiva”, só que de outra forma: demolição de casas, mais de 5 mil presos políticos, roubo de água e cortes de energia elétrica que transformam a vida num verdadeiro inferno.

A desproporção entre Israel e a Palestina, faz o ataque tratar-se de crime contra a humanidade
A desproporção entre Israel e a Palestina, faz o ataque tratar-se de crime contra a humanidade
Diante do “consulado assassino”, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Emir Mourad, pediu um minuto de silêncio pelas crianças vítimas da agressão israelense. “Neste momento, eu peço a todos os judeus do mundo que se livrem do sionismo, que é contrário à própria essência do judaísmo. Em nome da alma destas crianças, Israel fora da Palestina!”, enfatizou.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, denunciou a “complacência e a cumplicidade do governo dos Estados Unidos e do Conselho de Segurança da ONU com a brutal investida israelense”.

Já a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, frisou ser inaceitável o fato de o Estado sionista utilizar como argumento para a invasão a morte de três jovens soldados/colonos israelenses, sem qualquer comprovação de autoria, em circunstâncias não esclarecidas. “O fato é que a humanidade não aceita mais o regime de apartheid e nem desculpas esfarrapadas do Estado terrorista de Israel para se chegar à paz”, disse.

“Nós sabemos qual a realidade vivida pelo povo palestino, por isso, viemos participar, ao lado dos nossos familiares, para mostrar que o Brasil diz não aos cri­mes de Israel”, declarou Naval Khalil, que se somou ao ato junto aos dois filhos. Com a filha nos ombros e o menino de mãos dadas, Naval disse acreditar “na força da pressão internacional para que a justiça, enfim, prevaleça”.

Entre outras organizações e partidos estiveram presentes a Via Campesina Brasil, Quilombo Raça e Classe, Marcha Mundial de Mulheres, PCdoB, PSOL e PSTU. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) participou com uma grande delegação.

Ataque israelense mata 25
membros da mesma família

Num dos ataques mais violentos a Gaza, Israel, que supostamente queria atingir um integrante do Hamas, matou 25 integrantes da mesma família, incluindo 19 crianças.

SIGA ESTE ENDEREÇO – ou na imagem acima – para ver vídeo sobre ataque israelense na cidade de Gaza, na Palestina

Unicef condena ataque que
matou 192 crianças em Gaza

Na imagem acima, palestino segura no colo uma criança que foi ferida durante um bombardeio israelense a uma escola, no norte da Faixa de Gaza – Foto: Finbarr O’Reilly/Reuters

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) condenou a morte de 192 crianças na Faixa de Gaza, número que abrange os 18 dias de ofensiva israelense, e o ataque contra uma escola da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

“Com o aumento das vítimas e da devastação a cada hora que passa, a Unicef se une à chamada do secretário-geral da ONU (Ban Ki-moon) para que haja uma cessação imediata da violência”, disse a agência da ONU em comunicado.

A Unicef também se uniu à comunidade internacional para pedir aos palestinos e israelenses que não transformem as crianças em alvos do conflito e que respeitem a inviolabilidade das escolas.

“Usar ou atacar centros educativos onde as crianças se refugiam da violência é inaceitável sob qualquer circunstância”, disse no mesmo comunicado a diretora regional do Unicef para o Oriente Médio e o Norte da África, Maria Calivis.

Imagens da barbárie

Algumas imagens do uso da força militar desproporcional usada por Israel contra civis palestinos:

Avião de ataque israelense despeja bombas sobre Gaza
Avião de ataque israelense despeja bombas sobre Gaza
Bomba explode no centro da cidade de Gaza
Bomba explode no centro da cidade de Gaza
Crianças defendem suas terras contra invasão de Israel, da forma que podem: pedras x tanques de guerra
Crianças defendem suas terras contra invasão de Israel, da forma que podem: pedras x tanques de guerra
Família, com seus pertences, abandonam suas casas e fogem dos bombardeios israelense
Família, com seus pertences, abandonam suas casas e fogem dos bombardeios israelense
Sem qualquer recurso, famílias tentam salvar suas crianças
Sem qualquer recurso, famílias tentam salvar suas crianças
Palestino tenta salva o que sobrou de sua casa destruída
Palestino tenta salva o que sobrou de sua casa destruída
Mortos em bombardeios são velados por familiares
Mortos em bombardeios são velados por familiares
Idosa e sua casa (ao fundo) destruída por Israel
Idosa e sua casa (ao fundo) destruída por Israel
Criança ferida por bombas israelenses, em desespero, se agarra a socorrista
Criança ferida por bombas israelenses, em desespero, se agarra a socorrista

Árabes e judeus: Relacionamento
marcado por tensões e conflitos

Mapa do avanço de Israel sobre terras palestinas, de 1947 até hoje
Jayme Brener
No portal UOL

O conflito entre árabes e judeus é relativamente recente, ao contrário do que muitos acreditam. Até o final do século 19, judeus e diferentes povos árabes viviam como “primos” (o que supõe, claro, conflitos ocasionais), e não só no Oriente Médio.

A convivência se estendeu, por exemplo, à Espanha, ocupada pelos árabes até o fim do século 15.

Os problemas ganharam corpo com a crise dos grandes impérios, ao término do século 19, que permitiu o avanço de inúmeros movimentos nacionalistas. Isso tanto no Império Russo como no Império Turco-Otomano e no Império Austro-Húngaro.

Entre os novos movimentos estavam o nacionalismo árabe, que defendia a criação de um grande Estado árabe independente dos turcos; e o movimento sionista, defensor da volta dos judeus à Palestina – dispersos por todo o mundo desde a destruição de seu Estado independente, no início da era cristã.

A 1ª Guerra Mundial (1914-1918) selou o fim dos grandes impérios e redesenhou o mapa do Oriente Médio, que antes era dominado pelos turcos. Os ingleses receberam um mandato da Liga das Nações para ocupar por 30 anos os atuais Iraque, Jordânia e Palestina. A França ficou com o que hoje são a Síria e o Líbano.

Entre os judeus, a maioria vivendo na Europa Oriental e na América do Norte, o sionismo era bastante minoritário. As correntes políticas mais fortes eram as compostas pelos socialistas – defensores da integração dos judeus à luta dos trabalhadores contra o capital -, pelos liberais – favoráveis à integração da população judaica em cada país -, ou, ainda, pelos religiosos ortodoxos.

O problema é que, para conquistar o apoio dos árabes contra os turcos na 1ª Guerra, assim como o respaldo dos judeus nos impérios Russo e Austro-Húngaro, e também nos Estados Unidos, a Grã-Bretanha prometeu a mesma coisa aos dois lados. Aos árabes, um grande Estado independente, o que suporia a inclusão da Palestina. E aos judeus, um “lar nacional” na Palestina.

As duas comunidades passaram então a disputar espaço na Palestina sob mandato britânico. Os sionistas traziam jovens pioneiros da Europa Oriental para cultivar terras compradas dos árabes por milionários judeus. E os nacionalistas árabes lançavam ataques armados contra as novas comunidades judaicas. Os britânicos ficavam no meio do caminho, ora limitando a imigração judaica, ora restringindo os ataques dos militantes árabes.

Massacre na Europa

Tudo mudou com a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), quando mais de seis milhões de judeus foram massacrados pelos nazifascistas na Europa, ao lado de milhões de russos, poloneses, homossexuais, dissidentes políticos e deficientes físicos e mentais. No final da guerra, com a Europa arrasada, o sionismo tornou-se rapidamente majoritário entre os judeus sobreviventes.

Com a retirada das tropas britânicas da Palestina marcada para 1947, os sionistas – que contavam com a simpatia da opinião pública mundial, devido ao massacre dos judeus na guerra – conseguiram costurar o apoio dos dois grandes vencedores do conflito, União Soviética e Estados Unidos, à divisão do território.

A Assembleia Geral da ONU, então presidida pelo ex-chanceler brasileiro Oswaldo Aranha, votou pela partilha da Palestina em dois estados – um árabe e outro judeu. Em maio de 1948, o futuro primeiro-ministro David Ben Gurion anunciou a criação do Estado de Israel. O mundo árabe não aceitou a partilha e, nos dias seguintes, sete estados árabes declararam guerra a Israel, que foi invadido por cinco exércitos. Valendo-se da divisão do mundo árabe, os israelenses venceram a guerra e expulsaram muitos palestinos do que deveria ser seu Estado.

Desde então, houve três grandes guerras entre Israel e os países árabes: em 1956, 1967 e 1973. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou a Faixa de Gaza e o deserto do Sinai, que pertenciam ao Egito, as colinas do Golan (Síria), as fazendas de Shebaa (Líbano), Jerusalém Oriental e a Cisjordânia (Jordânia).

Em 1979, Israel assinou a paz com o Egito, que recebeu de volta o Sinai. Nunca mais o mundo árabe conseguiria unir-se contra o Estado judeu. Sucessivos governos israelenses incentivaram a criação de colônias judaicas nos territórios ocupados, principalmente a Cisjordânia.

Intifadas

A resistência palestina optou então pela luta armada, lançando mão por vezes do terrorismo – com ataques a alvos civis dentro e fora de Israel. O resultado foi pouco alentador e o terrorismo até reforçou a posição de Israel, que tem nos Estados Unidos seu principal aliado. Em 1987, explodiu uma revolta popular contra os israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, inicialmente fora do controle da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e de seu principal líder, Yasser Arafat. A rebelião ficou conhecida como intifada, sobressalto, em árabe.

A reação violenta do exército israelense, que matou centenas de pessoas em poucos dias, desgastou a posição do país. Em seguida, Arafat prometeu desistir da luta armada em favor de negociações políticas que conduzissem à criação de um Estado palestino. Em 1991, sob pressão dos EUA, que enfrentavam a ira das massas árabes por conta da invasão do Iraque, naquele mesmo ano, o então primeiro-ministro ultraconservador de Israel, Itzhak Shamir, aceitou iniciar tímidas negociações de paz com os palestinos, na Conferência de Madrid.

Mas o sucessor de Shamir, Itzhak Rabin, levou as negociações à frente e, em 1993, assinou com Yasser Arafat os acordos de Oslo, com apoio da Casa Branca. O acordo previa a criação da Autoridade Palestina, embrião de um futuro governo palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os limites territoriais e a espinhosa questão de Jerusalém – que é reivindicada como capital por israelenses e palestinos – deveriam ser resolvidos nos anos seguintes. Israel também assinou a paz definitiva com a vizinha Jordânia.

As negociações com os palestinos evoluíram com extrema dificuldade, mas, no fim dos anos 90, parecia que a paz estava próxima, em torno de uma proposta israelense que incluía uma complexa equação para permitir a soberania compartilhada sobre Jerusalém. Também parecia próximo um acordo sobre a troca de territórios entre Israel e palestinos para resolver o problema dos quase 200 mil colonos judeus que vivem na Cisjordânia.

Arafat, porém, acreditou que o momento era favorável para aumentar as demandas e apresentou a exigência de realocação, no atual Israel, de milhões de palestinos que haviam perdido suas terras e casas após 1948. O governo israelense não aceitou, as conversações de paz foram por água abaixo e um passeio de outro primeiro-ministro ultraconservador, Ariel Sharon, pela Esplanada das Mesquitas, local sagrado para os muçulmanos em Jerusalém, detonou a segunda intifada, em 2000.

De lá para cá, a paz entre judeus e palestinos tem parecido cada vez mais distante. A OLP, que defendia um acordo com Israel, perdeu espaço nos territórios ocupados para o movimento fundamentalista islâmico Hamas, que tem apoio do Irã e da Síria e rejeita a paz com o Estado judeu. E o cenário político israelense deslocou-se para a direita, com as forças pacifistas perdendo espaço.

Grupos palestinos lançaram mão outra vez do terror, acionando homens (e mulheres) bombas contra alvos civis em Israel. Os israelenses reagiram construindo um imenso muro de proteção que isola suas cidades e estradas dos núcleos residenciais palestinos.

Em 2006, Israel lançou um sangrento ataque contra o Líbano, a propósito de estancar os disparos de foguetes do Hizbolá, facção xiita que tem o apoio da Síria e do Irã. Dois anos depois, também para pôr fim a ataques de foguetes contra seu território, Israel invadiu a Faixa de Gaza, deixando centenas de mortos.

Pouco mais de cem anos depois do nascimento do nacionalismo árabe e do sionismo, as perspectivas de paz entre Israel e seus vizinhos árabes parecem muito distantes. As negociações entre israelenses e palestinos estão paralisadas, assim como qualquer conversa entre Israel, Síria e Líbano. Fala-se até em um novo ataque de Israel contra o Hizbolá libanês, que vem recebendo de sírios e iranianos mísseis capazes de atingir as principais cidades israelenses.

Pior: nos últimos anos um novo player desponta no tabuleiro político regional. Trata-se do Irã, cujo governo é abertamente hostil a Israel e aos EUA, e está engajado em um imponente programa nuclear.

Como se vê, essa história ainda nos reserva muitos capítulos antes do epílogo que todos juram perseguir: a paz duradoura no Oriente Médio.

Jayme Brener é jornalista e escritor

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