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Francisca Paris: A Educação contra tragédia

 

No Brasil, o ano de 2011, assim como o ano anterior, começou com uma grande tragédia. As fortes chuvas ocorridas na Região Sudeste, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, novamente provocaram destruição e morte.

Na região Serrana do Rio de Janeiro cidades inteiras foram arrasadas. Ao final de janeiro o estado contabilizava perto de 850 mortos e muitas pessoas ainda desaparecidas.

Em São Paulo a chuva também chegou com força. A cidade de Franco da Rocha passou mais de uma semana embaixo da água após a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) abrir as comportas da represa Paiva Castro.

Nas diversas cidades da grande São Paulo casas foram destruídas, pessoas morreram, ruas foram inundadas e o trânsito na Capital atingiu níveis altíssimos de congestionamentos.

A chuva, como em 2010, foi utilizada como desculpa pelas autoridades para esconder o fracasso das políticas de prevenção.

Aprendizado

Agora, com o início do ano letivo, são os professores que tratarão do tema com os alunos em sala de aula. Nesta edição, o Unificados apresenta uma entrevista com a professora mestre em educação Francisca Romana Giacometti Paris, Diretora pedagógica da Divisão de Sistemas de Ensino da Editora Saraiva.
Para ela, é dever dos professores desenvolver nos estudantes a postura política de cobrar das autoridades públicas ações efetivas de prevenção e que minimizem o número de vítimas.

ENTREVISTA

Construir o sujeito social

Unificados – Como você vê o papel dos professores na hora de tratar sobre as recentes tragédias provocadas pela chuva na Região Serrana Fluminense e também em São Paulo?

Francisca Paris – É importantíssimo, uma vez que é na escola, na interação entre os profissionais da escola e os seus alunos, que nos construímos como sujeito social e, assim, exercitamos a nossa ideia de coletividade. Ou seja, nos sentimos responsáveis pelo o que é público e nos comprometemos. A escola é o lugar de conhecimento e de exercício da cidadania, no sentido mais amplo do termo.

Unificados – Assuntos como utilização do solo, urbanização, o papel dos governantes, devem fazer parte das aulas?

Francisca Paris – Sim, podemos trabalhar os mais diversos conteúdos: precipitações, urbanismo, ocupação de encostas, divisão de renda, ecologia, moradias etc., ao contemplarmos, no currículo da sala de aula, os deslizamentos ocorridos neste início de 2011. Porém, não podemos reafirmar, como fazem algumas autoridades, que a causa da tragédia é a chuva. Faz-se necessário que desenvolvamos nas crianças e jovens a consciência pelo cuidado com o meio ambiente e a postura política de cobrar das autoridades públicas ações que, a longo prazo, minimizem o número de vítimas. Ou seja, cobrar planejamento e preparação para enfrentar ocorrências naturais.

Unificados – É possível fazer relação entre as enchentes brasileiras e australianas, e mostrar aos alunos como o resultado foi diferente?

Francisca Paris – Sim, a partir da pesquisa, análise e reflexão das condições naturais, sociais, culturais e econômicas de cada um dos países mencionados. Ao, por exemplo, analisarmos o número de pessoas vitimadas pelas tragédias na Austrália e no Brasil, nos deparamos com indicadores bem diferentes. Enquanto no nordeste australiano o dilúvio atingiu uma área cinco vezes maior do que o Reino Unido e deixou cerca de vinte mortos e cerca de setenta pessoas desaparecidas, a região serrana fluminense já contabiliza quase 900 mortos, sem contar os desaparecidos.

Unificados – O tema da solidariedade, muito presente no Brasil atualmente, também é positivo para o desenvolvimento dos alunos?

Francisca Paris – É altamente positivo não somente nos momentos de tragédias. A solidariedade deve ser expressa em nossas relações do dia a dia, tanto na escola quanto na família. Vale destacar neste momento triste que passou o nosso país, principalmente o estado do Rio de Janeiro, o trabalho exercido pelos voluntários no atendimento às vítimas. É uma lição inesquecível de solidariedade que deve ser lembrada e relembrada em nossas escolas.

Unificados – Qual é a importância das escolas na conscientização dos alunos para que futuramente catástrofes como essas não aconteçam, ou ao menos sejam minimizadas?

Francisca Paris – A escola deve ser o espaço de construção, a formação do sujeito social, priorizar e estimular o respeito aos valores humanos. Portanto, é de competência da escola, em parceria com a família e com a sociedade, desenvolver ações que visam à formação do cidadão que futuramente estará nos cargos decisórios do nosso país. É necessário planejamento, organização e vontade política para que possamos prevenir e atenuar tão tristes episódios.

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