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Denúncia do Sindicato sobre o “Caso Shell” faz o Dr René Mendes perder reconhecimento internacional

Denúncia do Sindicato sobre o “Caso Shell” faz o Dr René Mendes perder reconhecimento internacional ao ver recusada sua aceitação como membro vitalício do Collegium Ramazzini, sediado na Itália

O Dr René Mendes, médico toxicologista contratado pela Shell Brasil S.A. como seu consultor nas questões de contaminação de seus ex-trabalhadores provocadas pela empresa na planta de Paulínia/SP teve, no final de outubro, recusada a sua aceitação como membro integrante do Collegium Ramazzini após denúncia por escrito (acompanhada por dossiê do “Caso Shell”) encaminhada à instituição pela Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados. Denúncia contra essa candidatura também foi enviada pela ACPO – Associação de Combate aos Pops (poluentes orgânicos persistentes), que atua contra a contaminação promovida pela Rhodia Brasil em Cubatão, na Baixada Santista/SP, em razão das atividades do Dr. Mendes como também consultor para essa multinacional. A eleição do Dr. René Mendes para membro integrante do Collegium Ramazzini significaria o reconhecimento internacional de ser o mesmo um grande técnico a serviço da sociedade global. Com essa decisão do Collegium, o Dr. Mendes está definitivamente excluído de vir a integrar seus quadros como membro efetivo, pois não haverá uma segunda chance.

A eleição e a denúncia

Tradicionalmente, na última semana de outubro o Collegium Ramazzini realiza um encontro em Carpi, na Província de Módena, na Itália no qual, entre outros pontos, destaca-se a eleição de nomes para vir a integrar a instituição como membro efetivo. E o Dr. René Mendes era candidato, indicado pelo atual presidente do Collegium, Dr. Philip J. Landrigan. De posse de carta contrária à indicação encaminhada pela Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados (e também de outra da ACPO), acompanhada de dossiê sobre a atuação do Dr René Mendes no chamado “Caso Shell”, seu nome não foi defendido por nenhum dos integrantes do Collegium, nem mesmo pelo Dr. Landrigan que o havia indicado. Assim, sua candidatura foi rejeitada.
Em sua indicação para a candidatura, o Dr. Landrigan havia citado tão somente as credenciais acadêmicas do Dr. Mendes. A sua condição de também assessor empresarial, na qual presta um desserviço aos trabalhadores e à população, foi denunciada ao Collegium pela Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados e pela ACPO. Essas denúncias foram encaminhadas pela Dra. Fernanda Giannasi, única integrante efetivo brasileiro no Collegium Ramazzini, que as entidades denunciantes entendem como confiável em razão de sua firme e corajosa atuação em questões anteriores de interesse geral da sociedade, como por exemplo a sua luta pelo banimento do amianto, comprovadamente cancerígeno. Essa foi a primeira vez em sua história que o Collegium Ramazzini veta um nome para o seu quadro de membros efetivos a partir de uma mobilização e denúncia com origem em organizações dos trabalhadores. Nas demais vezes em que isso ocorreu sempre foram motivadas por cartas encaminhadas por profissionais, de forma individual e personalizada.

Breve histórico do Collegium Ramazzini

“Uma ponte entre as descobertas do mundo científico e os centros políticos e sociais que devem agir sobre estas descobertas”

Esse o lema do Collegium Ramazzini, que é uma sociedade acadêmica internacional que examina assuntos críticos em medicina ocupacional e ambiental. O Collegium se dedica à prevenção de doenças e à promoção da saúde. O nome do Collegium deriva de Bernardino Ramazzini, o pai da Medicina do Trabalho, que foi professor de medicina nas universidades de Módena e Pádua no final do século XVII e começo do XVIII. O Collegium é composto por 180 médicos e cientistas de 30 países, eleitos como membros vitalícios. O Collegium é uma organização independente de interesses comerciais.

Traduzido do site do Collegium Ramazzini
www.collegiumramazzini.org/

“A ciência da medicina ocupacional emergiu durante o século 17 na Itália com o trabalho de Bernardino Ramazzini. Dr. Ramazzini nasceu em Carpi, uma pequena cidade vizinha a Módena, em 4/10/1633. Ele freqüentou a universidade de Parma onde se tornou doutor em filosofia e medicina em 1659. Em 1682, ele foi incumbido da cátedra de Medicina na Universidade de Módena, onde ele lecionou por 18 anos até 1700. Neste ano, 1700, ele aceitou a cátedra de Práticas Médicas na Universidade de Pádua (Padova).
Em 1700, Dr. Ramazzini publicou a primeira edição de seu mais famoso livro De Morbis Artificum Diatriba (Doenças dos Trabalhadores), a primeira obra compreensível em doenças ocupacionais, descrevendo os riscos dos irritantes químicos, poeiras, metais e outros agentes abrasivos encontrados nos trabalhadores em 52 ocupações. Ramazzini morreu em 1714 com 81 anos.
300 anos depois, em 1982, a comunidade internacional acadêmica criou uma organização para homenageá-lo, o Collegium Ramazzini, a fim de desenvolver os estudos no campo da saúde ocupacional e ambiental ao redor do mundo.
Fundado por Dr. Irving J. Selikoff do Mount Sinai School of Medicine (Faculdade de Medicina) de Nova Iorque e uma das maiores autoridades mundiais em medicina ambiental, o Collegium Ramazzini se oferece como “Uma ponte entre as descobertas do mundo científico e os centros políticos e sociais que devem agir sobre estas descobertas” para conservar a vida.
O Collegium Ramazzini avalia os potenciais presentes e futuros para acidentes e doenças atribuídas ao meio ambiente ou ambiente de trabalho e transmite sua visão a grupos formadores de opinião e políticos, agências e o público em geral. Promovendo conferências e simpósios ou publicando pesquisas e dando publicidade ao seu ponto de vista, o Collegium procura ajudar legisladores, reguladores e outros formadores e tomadores de decisão para melhor entender as implicações das políticas públicas e achados científicos. Seu objetivo é trabalhar em direção a possíveis soluções para problemas ocupacionais e ambientais.

Governabilidade do Collegium Ramazzini

O Collegium é governado por um conselho limitado a 180 membros eleitos, incluindo eminentes cientistas e outras personalidades ilustres por suas preocupações em saúde ocupacional e ambiental. O Collegium tem atraído pessoas íntegras em todos os continentes e seus membros representam cerca de 30 países. É uma organização sem fins lucrativos e não é associada ou apoiada por nenhum corpo governamental ou grupo de pressão/interesse ou lobby (por isto a rejeição ao trabalho exercido pelo Dr. Mendes). O secretariado geral do Collegium é sediado no Castelo de Bentivoglio perto de Bologna, Itália, antigamente residência de verão dos Príncipes de Bologna. O castelo atualmente abriga um avançado laboratório de testes animais dirigidos por Dr. Morando Soffritti, secretário-geral do Collegium.

Jornada Ramazziniana – Reunião Anual

A reunião anual do Collegium ocorre in Carpi, na Província de Módena, Itália, a cidade natal de Ramazzini e onde ele praticou medicina. O quartel-general internacional do Collegium tem sido oferecido pela cidade de Carpi, em honra ao seu famoso filho/cidadão. A jornada Ramazziniana, que ocorre anualmente na última semana de outubro em Carpi, para comemorar a data de nascimento de Ramazzini é bancada pela cidade de Carpi, que oferece um banquete anual para comemorar a data e aos membros empossados uma medalha estampada com o busto do Dr. Ramazzini em prata para celebrar a sua aceitação entre os novos companheiros (fellow).”

Dra. Fernanda Giannasi

A Dra. Fernanda Giannasi é engenheira civil e de Segurança do Trabalho; auditora fiscal de Segurança do Trabalho do Ministério do Trabalho, desde 1983; coordenadora da Rede Virtual-Cidadã pelo banimento do amianto para a América Latina e colaboradora da ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto; Prêmio Internacional de Saúde Ocupacional da APHA — American Public Health Association em 1999; e membro do Collegium Ramazzini, empossada em 2001. O Dr. Selikoff foi a maior autoridade dedicada ao banimento do amianto no mundo e por essa razão a Dra. Fernanda Giannasi foi indicada pelo seu sucessor – o falecido Dr. Cesare Maltoni, que acompanhou de perto toda a perseguição por ela sofrida por conta de sua luta antiamianto.

Veja ainda a carta denúncia enviada pela Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados ao Collegium Ramazzini, aos cuidados da Dra. Fernanda Gianassi. (abaixo)

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